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Monitoramento da biodiversidade mundial




Agência FAPESP– A criação do Sistema Global de Observação da Biodiversidade (Geobon) foi proposta por um grupo de cientistas de diversos países em artigo na edição desta sexta-feira (22/8) da revista Science.

A idéia é constituir uma parceria internacional para auxiliar nos processos de coleta, análise, gerenciamento e divulgação de dados relacionados ao estado atual dos ecossistemas do planeta.

Segundo Robert Scholes, do Conselho de Pesquisa Científica e Industrial da África do Sul, e colegas, a necessidade de adoção de medidas para avaliar eficientemente a biodiversidade em escala global é intensificada pelo compromisso de reduzir as taxas de perda de sistemas biológicos até 2010, conforme assinado pelos 190 países que fazem parte da Convenção sobre Diversidade Biológica (CBD).

Os pesquisadores destacam que as medidas tomadas até hoje nesse sentido se mostraram ineficientes, especialmente por conta da própria complexidada da biodiversidade, que reúne uma enorme variedade de formas, arranjos espaciais, processos e interações de sistemas biológicos nas mais diversas escalas e níveis de organização, de genes a espécies e desses a ecossistemas.

Para eles, o problema não é a falta de informações sobre tais sistemas, mas sim a pouca integração entre elas. “Não há escassez de dados sobre a biodiversidade, embora eles sejam irregulares em relação à cobertura espacial, temporal ou tópica. O problema está na diversidade de dados e no fato de que eles estão dispersados e não organizados”, descreveram os autores.

“A solução é organizar a informação, desbloquear os fluxos entre os produtores e os usuários da informação e criar sistemas nos quais dados de diferentes tipos e de fontes variadas possam ser combinados. Isso ampliará nosso conhecimento sobre a biodiversidade e permitirá o desenvolvimento de medidas adequadas para reduzir sua perda”, afirmaram.

De acordo com os autores, não há, em todo o mundo, organização capaz de produzir tal “sistema de sistemas”. As iniciativas locais, nacionais ou mesmo internacionais atualmente existentes registram dados sobre genes, espécies e ecossistemas. “E o Geobon pretende criar uma rede global a partir desses esforços, por meio da reunião, da interligação e do apoio a eles em uma estrutura científica robusta”, disseram.

O Geobon forneceria orientação às partes com relação à coleta de dados, padronização e troca de informações. As organizações integrantes permaneceriam proprietárias dos dados que produziram, mas concordariam em colaborar para que tais informações integrassem a rede e pudessem ser compartilhadas.

O Geobon tem origem no Grupo para as Observações Terrestres (GEO), formado em 2002. Hoje com 73 países, o GEO é responsável pela implantação do Sistema de Observação Global Terrestre (Geoss), criado para que os participantes possam compartilhar dados de estudos geográficos.

A idéia da Geobon tomou forma em abril, quando cerca de 100 especialistas em biodiversidade, que representavam mais de 60 organizações científicas, se reuniram em Potsdam, na Alemanha. Os participantes foram divididos em grupos e produziram as partes do plano de implantação da rede.

A estimativa é que a manutenção do Geobon custe de R$ 500 milhões a R$ 1,2 bilhão por ano, incluindo os valores já despendidos atualmente para o levantamento de dados sobre a biodiversidade pelos países que integrariam a rede.

O artigo Toward a global biodiversity observing system, de Robert Scholes e outros, pode ser lido por assinantes da Science em www.sciencemag.org.

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