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Mostrando postagens de janeiro, 2011

Antonico Bucheira: um herói esquecido

Quando João Goulart caiu, em 31 de março de 1964, pouca gente no Acre ousou resistir, tanto que o tal do Edgard Cerqueira, de triste memória - e seu suposto telegrama do Comando Revolucionário (dizem até que era falsificado) - deitou e rolou: meteu os pés sujos na porta da Assembléia Legislativa e ainda encontrou apoio de alguns deputados do PTB (partido de Jango e de Jose Augusto) para sagrar-se governador. Mas, como toda regra tem lá suas exceções, em Xapuri, terra de cabra valente, um simples açougueiro, decidido a entrar para a história, rabiscou uma cena de heroísmo digna das mais altas homenagens. O nome dele era Antônio Leopoldo, mais conhecido como “seu Antonico bucheira". Antonico, desde cedo, já se mostrava diferente. Como magarefe, nunca obedeceu à regra (imposta pela elite obviamente) de que “carne de primeira”, tão logo chegasse ao açougue, teria que ser reservada aos ricos. Com ele, a carne, seja qual fosse, era de quem chegasse primeiro. Os ricos babavam de ódio, ma

OAB pede fim de aposentadorias a ex-governadores

O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) ajuizou duas Ações Diretas de Inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal contra os dispositivos das Constituições do Paraná e de Sergipe que concedem aposentadorias vitalícias a ex-governadores. A entidade argumenta que a Constituição Federal de 1988 só autoriza o pagamento de subsídios para quem ocupa cargo público, eletivo ou efetivo, o que não é o caso de um ex-governador, que não possui mandato eletivo e nem é servidor público. Clique aqui para ler a ADI de Sergipe e aqui para ler a ADI do Paraná. Leia mais no Conjur

Um certo Gabino Besouro

Veterano da Guerra do Paraguai, de robusta compleição física, cabelo duro, tipo espeta cajú, cara fechada, de poucos amigos, enérgico e violento, tanto que na Escola Militar chegou a ser punido pelo excesso de rigor para com os colegas. Seu nome: Gabino Suzano de Araújo Besouro - o Gabino Besouro. Antes de chegar ao Acre e, segundo diz a lenda oficial, matar nosso herói gaúcho, foi governador de Alagoas antes e depois da Proclamação da República. Participou ativamente da “Campanha Republicana”, era amigo do Marechal Deodoro, mas inimigo de seu sucessor, Floriano Peixoto. Babava de ódio só de ouvir falar no nome desse último. Na renúncia de Deodoro, Besouro ousou aliar-se aos que defendiam eleições para a escolha do seu sucessor, com isso bateu de frente com outro alagoano, não menos gentil: o próprio Floriando Peixoto. Em 15 de julho de 1894 pagou a rebeldia com a perda do governo de Alagoas. Fugindo das tropas federais teve que deixar o Palácio do Governo por um buraco aberto no mur
Gregório Thaumaturgo de Azevedo foi o primeiro governador do Piauí, de 1889 a 1890. E foi governador do Amazonas de 91 a 92. Aborrecido com a luta política, demitiu-se do governo do Piauí. O seu secretário de governo era Clóvis Bevilaqua. Ofereceram-lhe o governo do Paraná. Recusou. Optou pelo Amazonas. Foi preso por Floriano, reformado, deportado para a fortaleza de São Joaquim do Rio Branco. Anistiado, voltou ao Exército, chefiou a Comissão de Limites com a Bolívia, que nos deu o Acre.

Pensão de ex-governadores: esclarecimentos

Em abril de 2007, enviamos requerimento ao Presidente da Seccional Acre da Ordem dos Advogados do Brasil em que pedíamos fosse encaminhada ao Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil uma solicitação para que este – por ter legitimidade constitucional para tal – ingressasse, junto ao Supremo Tribunal Federal, com uma “Ação Direita de Inconstitucionalidade” contra o pagamento de pensões aos ex-governadores do Estado do Acre. Infelizmente, não obtivemos resposta da Seccional naquela oportunidade. Alguns meses depois, em 12 de setembro de 2007, o Supremo Tribunal Federal, ao analisar o mérito da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI -3.853), declarou a inconstitucionalidade do “art. 29-A, e seus parágrafos, do ato das Disposições Constitucionais e Transitórias da Constituição do Estado do Mato Grosso do Sul”, confirmando que estávamos no caminho certo ao provocarmos a Seccional Acre cinco meses antes. É de se frisar, que o texto da Constituição do Estado do Mato Grosso do Sul

O bacharel Santa Rosa

Um dos primeiros promotores de justiça a aparecerem nesse Acre velho de meus Deus chamava-se Augusto Américo de Santa Rosa, isso em 1904. O bacharel Santa Rosa, como era chamado o “ilustre” representante do parquet , nas horas vagas (e eram muitas), atuava também como “garçon”, paramentado a caráter, em hotelzinho (que também era o gabinete da promotoria) que mantinha na Vila Rio Branco, em parceria com um italiano. Santa Rosa, pelo menos segundo dizia o nosso herói maior (Plácido de Castro), não era flor que se cheirasse em matéria de honestidade. Em relatório administrativo enviado ao governo central em 1908, nosso Simon Bolívar gaúcho descreve a atuação do controvertido Dr. Santa Rosa: “Quaisquer papéis que lhe chegavam às mãos, trazidos pelos interessados, o bacharel Santa Rosa folheava-os cuidadosamente à cata de gorda gorjeta que sempre exigia, quando não a encontrava devolvia-os, dizendo, com uma falta de escrúpulos revoltante: - faltar uma folha!” Certa fe

O povo pagou a conta da paixão

No Acre acontecem coisas que até Deus duvida e o diabo nem quer saber. O caso a seguir é um exemplo. Lá em Xapuri - a Ipiranga do Acre - existe um bairro muito antigo chamado pelo povo de “Bolívia”, apesar do seu verdadeiro nome ser Braga Sobrinho, em homenagem a uma das mais fortes casas aviadoras da região no início do século passado. Talvez por insistência dos moradores em chamarem o bairro pelo nome do inimigo, toda aquela gente humilde, no início da ditadura militar, foi vítima de uma história inusitada envolvendo um certo político da Arena – A Aliança Renovadora Nacional -, que comia, bebia e engordava junto com os militares. O alcaide da época andava enrabichado com a filha de um certo fazendeiro do lugar e, lá pelas tantas, com a fatalidade do casório praticamente se consolidando, resolveu pagar o dote da noiva com dinheiro público. Eu explico. O bairro da Bolívia, que não passa de uma única e longa rua, é cercado por duas pontes: uma fica na entrada (início da rua), ligando o

O Almirante negro também foi herói no Acre

O gaúcho João Cândido Felisberto, o Almirante Negro, líder da “Revolta da Chibata” - que no ano passado completou 100 anos - esteve no Acre em 1903 (a bordo do navio Juthaí) e pode ter lutado ao lado de Plácido de Castro. Segundo consta na página 139, da Moderna Enciclopédia Brasileira, o líder dos marujos, que em 1910 se rebelaram contra os castigos físicos na Marinha, teria participado, como voluntário, da Revolução Acreana. A informação parece fazer sentido, pois em entrevista concedida pelo próprio João Cândido ao historiador Hélio Silva, em março de 69, poucos meses antes de sua morte, ele assim afirmou: “(...) eu vi quando ele (General Pando) passou no navio gaiola, prisioneiro dos patriotas de Plácido de Castro na chamada Boca do Acre, ponto estratégico. Era onde estavam as tropas federais. Eu vi quando ele passou no navio gaiola, prisioneiro tanto da Marinha quanto do Exército, comandadas pelo General Gabino Besouro, ex-governador de Alagoas”. Na Revolta da Chibata, cansados de

Cassação das pensões

A Ordem dos Advogados do Brasil ingressará com ações diretas de inconstitucionalidade, no Supremo Tribunal Federal, contra todos os ex-governadores que requereram e passaram a ganhar pensões vitalícias pelo cargo que ocupavam, afirmou o presidente nacional da OAB, Ophir Cavalcante. Segundo a entidade, as pensões chegam a custar em alguns estados cerca de R$ 25 mil. A notícia é dos jornais Correio Braziliense e Jornal do Brasil.

Não combinou

O Dr. Evaristo de Morais foi um dos maiores criminalistas brasileiros de todos os tempos. Lutou a vida toda contra as prisões. Aí me aparece um infeliz e o transforma em nome de penitenciária. É cada uma... A foto acima é do Acre antigo. Só não perguntem onde ficava, pois eu não sei.

Um dia para ser lembrado

O dia, e até mesmo o ano, ninguém sabe precisar ao certo. Só se sabe, pela boca dos mais antigos e saudosos, que o fato ocorreu no tempo em que Guilherme Zaire comandava a administração do pacato e bucólico município de Xapuri, coisa de 1956, por aí. Pois foi nessa época, legitimado pelo argumento de que o custo de vida estava ficando insuportável, que um personagem - digno do Panteão da República -, junto com uma meia dúzia de outros revolucionários, tomou a cidade de Xapuri e, por um tempinho, com a cidade sob controle após trancafiar no xilindró toda a guarnição policial de plantão, distribuiu alimentos de graça para a população pobre. Foi uma revolução curta no tempo, mas grandiosa na bravura. O autor de tão bela e inesquecível obra - desconhecido até hoje - se chamava Antonico Buxeira. Foi ele que, por algumas gloriosas horas, fez o povo de Xapuri sentir o cheiro, e até um gostinho (teve comida na mesa de muitos naquele dia), do verdadeiro socialismo. A história não termina aqui.

Quando o fisiologismo falha

Quando a Assembléia Nacional Constituinte foi instalada no Brasil, o Presidente da República era Jose Sarney. Uma das grandes polêmicas daquele momento histórico foi o debate em torno da ampliação do mandato de Sarney, de quatro para cinco anos, que acabou sendo aprovado com o voto da maioria dos parlamentares do Acre. Sarney, habilidoso e esperto como sempre, visando conquistar o voto do ex-senador Aluizio Bezerra, prometeu, na condição de Presidente da República, que construiria uma estrada ligando Cruzeiro do Sul a Pucallpa, no Peru. O custo da estrada foi calculado na época em mais de 300 milhões de dólares. Eufórico, feito uma criança que acabara de ganhar um doce, bradou Aluízio, sem saber que estava sendo vítima de uma manobra: "fui o pai da criança". É, mas a criança sofreu um aborto para a tristeza do ex-senador. A notícia foi parar nos grandes jornais do pais, mas a estrada que é bom, até hoje ainda não saiu do papel. Sarney, que de bobo não tem nem a sombra, deu u

Parece piada

Ando pesquisando, para um livro que ainda não sei quando ficará pronto, a contribuição dos deputados constituintes do Estado do Acre para a formatação da atual Constituição Federal. Para tanto, fui aos arquivos do Congresso Nacional e radiografei todas as notícias publicadas nos grandes jornais em que algum constituinte acreano foi citado. Logo de cara, encontrei uma notícia bem interessante envolvendo o ex-deputado Osmir Lima (PMDB). Osmir, querendo dar uma de Luiz Galvez, chegou a propor perante a Assembléia Nacional Constituinte a criação do Estado Independente do Acre, tornando nula a empreitada de Plácido de Castro e as negociações do Barão do Rio Branco. A proposta, óbvio, foi motivo de chacota no parlamento e, com todo merecimento, foi parar no anedotário do Congresso Nacional. Veja você mesmo aqui...

O Acre é um plágio

Um dia desses, ao realizar uma busca aleatória nos arquivos do Senado Federal, sem querer, acabei encontrando uma notícia que, em si, serve de retrato histórico da inutilidade do parlamento acreano de alguns anos atrás. O que encontrei foi uma notícia, publicada no jornal Correio Braziliense, de 19 de maio de 1987, que afirma que a Constituição do Estado do Acre, pelo menos até a entrada em vigor da Constituição Federal de 1988, era uma cópia fiel da de São Paulo. Veja você mesmo aqui.

Histórias que intrigam e encantam

Em 1889, um pesquisador francês chamado Henrique Onffroy de Thoron publicou uma obra chamada "Les Vaisseaux d´Hiram et de Salomon au Fleuve des Amazonas". No livro, ele levantou a tese de que o Rei Salomão (bíblico), acompanhado por Fenícios, teria navegado pelos rios da Amazônia em busca de ouro (o ouro de Ophir, do livro de Reis, usado na construção do Templo de Salomão). Verdade ou não, o fato é que a história é fascinante. Leia um pouco mais sobre o assunto aqui...

Ficha limpa

Foram poucas assinaturas, mas, de qualquer modo, entreguei ao governador Tião Viana o abaixo-assinado que sugere que o mesmo aplique a Lei da Ficha Limpa na nomeação dos cargos comissionados do governo. Para tanto, utilizei o Facebook. A imagem acima é a prova do envio.

Salvem nossas crianças

Um dos maiores desafios do novo governador do Acre certamente passa pela situação da infância. Os índices de mortalidade infantil são absurdos e, apesar da leve melhora, não chegam a acompanhar o desempenho regional e muito menos o nacional, que por sinal avançou bastante no governo Lula. É por essas e outras, tantas outras, que o Acre ocupa a penúltima colocação no ranking nacional do Índice de Desenvolvimento Infantil, da Unicef. Em suma: somos um dos piores lugares do Brasil - e não só da Amazônia - para as crianças viverem e crescerem. Veja aqui o último relatório da Unicef sobre o assunto.

Todos pela educação

Já faz um bom tempo que venho acompanhando os indicadores educacionais do Acre e, com a propriedade de quem gosta e se interessa pelo assunto - e em homenagem à verdade -, que tanto prezo, afirmo : a situação melhorou um pouco. É óbvio que ainda estamos bem distantes da realidade propagandeada pelos políticos. Porém, negar os avanços é pura deslealdade com o que vem melhorando. Prática que não ajuda em nada enquanto crítica. Para mostrar um pouco dessa verdade, recomendo, a quem gosta (e são poucos), a visita ao site do Movimento Todos Pela Educação . Lá os dados estão concentrados e bem organizados. A conclusão é a seguinte: apesar do Acre ainda encontrar-se pessimamente posicionado em relação a muitos indicadores, existe uma melhora que vem sendo processada lentamente ao longo dos anos. Uma coisa boa, muito boa, só para citar um exemplo, é em relação ao gasto anual por aluno. O Acre é um dos que mais gasta, o que mostra claramente que o governo vem realizando investimentos. Daqu