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O povo pagou a conta da paixão



No Acre acontecem coisas que até Deus duvida e o diabo nem quer saber. O caso a seguir é um exemplo. Lá em Xapuri - a Ipiranga do Acre - existe um bairro muito antigo chamado pelo povo de “Bolívia”, apesar do seu verdadeiro nome ser Braga Sobrinho, em homenagem a uma das mais fortes casas aviadoras da região no início do século passado.

Talvez por insistência dos moradores em chamarem o bairro pelo nome do inimigo, toda aquela gente humilde, no início da ditadura militar, foi vítima de uma história inusitada envolvendo um certo político da Arena – A Aliança Renovadora Nacional -, que comia, bebia e engordava junto com os militares.

O alcaide da época andava enrabichado com a filha de um certo fazendeiro do lugar e, lá pelas tantas, com a fatalidade do casório praticamente se consolidando, resolveu pagar o dote da noiva com dinheiro público. Eu explico.

O bairro da Bolívia, que não passa de uma única e longa rua, é cercado por duas pontes: uma fica na entrada (início da rua), ligando o resto da cidade ao bairro propriamente dito, a outra, fica no final, interligando a “Bolívia xapuriense” a uma certa fazendola, que na época pertencia ao sogrão do nosso herói apaixonado.

Pois bem, coincidência ou não, nesse mesmo período, a Prefeitura de Xapuri recebeu dos militares recursos suficientes para a construção de uma ponte em alvenaria.

Bom, agora chegamos ao ponto máximo da nossa historinha. Recebido o recurso, o nosso Dom Juan ficou numa dúvida infernal: construir a ponte do início da rua, e assim beneficiar a imensa maioria dos moradores, ou fazer a do final, que só serviria para o sogro? Eis a questão.

E não é que o infeliz optou pela segunda alternativa. Difícil de acreditar, mas é a mais cristalina verdade.

A imagens mostram o desfecho final desse triste fato. Passados mais de 40 anos, o resultado é o seguinte: a primeira ponte, necessária a 99,99% dos moradores, continua com estrutura de madeira, e a outra, que hoje, assim como naquela época, atende a uns dois ou três, está lá toda no concreto armado, quarentona.

Contando ninguém acredita. Se duvidar, vá lá pessoalmente e confira.


Comentários

Anônimo disse…
ESSE ATUAL PREFEITO DEVERIA CONSTRUIR UMA PONTE DIGNA PARA A POPULAÇÃO DESSE BAIRRO, AFINAL O PT NÃO VAI QUERER PERDER NOVAMENTE A PREFEITURA. CONSTRUIR, MAS, SEM SUPERFATURAMENTO E BENEFICIAMENTO DE AMIGOS SENHOR BIRA.
Hermeson disse…
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Anônimo disse…
Isto é o que deveria estar nos livros de Histórias do Acre. Histórias como esta verdadeiramente causariam uma boa discursão (em uma sala de aula) e reflexão sobre o papel dos legislativo. Deve haver histórias atuais tão interessantes quanto.
Anônimo disse…
Amigo, sugiro que faça o levantamento dos nomes das personagens, história se faz também com minúcias. Historinha interessante, mas com poucas informações. Sua comparação do passado com o presente é interessante. Sugiro que levante o preço desse dote, os nomes dos envolvidos e lança novamente esse material para discussão. Ainda assim, parabéns.

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