Veterano da Guerra do Paraguai, de robusta compleição física, cabelo duro, tipo espeta cajú, cara fechada, de poucos amigos, enérgico e violento, tanto que na Escola Militar chegou a ser punido pelo excesso de rigor para com os colegas. Seu nome: Gabino Suzano de Araújo Besouro - o Gabino Besouro.
Antes de chegar ao Acre e, segundo diz a lenda oficial, matar nosso herói gaúcho, foi governador de Alagoas antes e depois da Proclamação da República. Participou ativamente da “Campanha Republicana”, era amigo do Marechal Deodoro, mas inimigo de seu sucessor, Floriano Peixoto. Babava de ódio só de ouvir falar no nome desse último.
Na renúncia de Deodoro, Besouro ousou aliar-se aos que defendiam eleições para a escolha do seu sucessor, com isso bateu de frente com outro alagoano, não menos gentil: o próprio Floriando Peixoto.
Em 15 de julho de 1894 pagou a rebeldia com a perda do governo de Alagoas. Fugindo das tropas federais teve que deixar o Palácio do Governo por um buraco aberto no muro, indo se abrigar na casa vizinha, residência do então Tenente-Coronel do Exército, Emídio Dantas Barreto, este que, tempos depois, virou imortal da Academia Brasileira de Letras.
Lendas e fofocas sobre o governo de Gabino Besouro é o que não faltam nas Alagoas. Dizem que o homem era tão odiado que certa feita ganhou dos moradores da Cidade Velha de Alagoas, numa inocente solenidade de visita ao lugar, um papagaio meticulosamente treinado para xingar a digníssima senhora Besouro de tudo quanto é palavrão - coisas da vida. O pobre do bicho, coitado, inocente, morreu na faca, em respeito à tradição da terra do Coronel Renan Calheiros.
Contam ainda as más linguas do tempo de Besouro que muitos soldados do Corpo de Segurança da Província, presos por infrações disciplinares, eram levados ao quartel e espancados até a morte. Para disfarçar o barulho, enquanto o pau comia, a banda tocava, mas isso é lenda lá das Alagoas, intriga de adversários, que não eram poucos.
E lá vai outra: dizem que certo dia entrou no Palácio uma professora chamada Cantidiana Candida Clarismunda Bulhões (parente de Geraldo Bulhões, governador de Alagoas de 1991 - 1995), senhora culta, alfabetizadora de várias gerações de notáveis alagoanos, respeitada e estimada por todos.
Pois bem, a digníssima senhora, conduzida ao gabinete do governador, disse desejar uma licença de 90 dias para tratamento de saúde, apresentou requerimento e o atestado de praxe.
Gabino, com a gentileza de um lorde, respondeu secamente:
“Pode deixar seu requerimento. Vá, porém, na certeza de que eu darei um indeferimento do tamanho do meu braço”.
Porém, antes que ele completasse o restante dos impropérios que planejava vomitar em cima de tão doce e educada criatura, a professora desceu do salto, se vestiu de cabra da peste e tascou, de pronto, sem respirar:
“Do tamanho do seu braço não, capitão! Do tamanho de sua ignorância e estupidez!
Aquele ato de extrema bravura vindo de um subordinado, além do mais, mulher, fez o capitão Besouro perder o rebolado naquele dia. Bom, pelo que consta, essa daí ele não matou, ou “sangrou”, como se diz por lá, dizem que deixou passar por ser mulher.
PS: Ah, ia esquecendo, dizem os "conspirólogos" de plantão que Gabino Besouro matou Plácido de Castro a mando do governo central, que temia a liderança do caudilho e essas idéias de Acre independente. Com tanta borracha por aí, preferiram não arriscar e riscaram o nosso herói do mapa.
Comentários
Bem dizia Ruy Barbosa -
"
De tanto ver campear a nulidade....nisto se transformou a nossa República"