Estadão
A cúpula do PSDB em São Paulo tomou a decisão política de trabalhar por uma chapa puro-sangue para a Presidência em 2010 e começa conversas para convencer o governador Aécio Neves (Minas) a ser candidato a vice do governador de São Paulo, José Serra. A fórmula, que tem forte inspiração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso - que chamou para si o papel de mediador da escolha -, estipula que, num eventual governo Serra, Aécio seria bem mais que um vice: assumiria um importante ministério da área social para ganhar densidade nacional.
A idéia não opera meramente com uma candidatura para 2010, informa qualificada fonte do partido, mas com um projeto de poder que pretende se expandir para, pelo menos, dois mandatos presidenciais. Aécio seria candidato a vice e, se a chapa puro-sangue vencesse, assumiria a Saúde ou a Educação, para comandar uma grande revolução na área. Seguiria, assim, a mesma receita que fez de Serra uma referência nacional, a partir de 1998, quando assumiu o Ministério da Saúde.
Assim, Aécio se transformaria em candidato natural à sucessão seguinte, numa reedição moderna da política do café-com-leite que vigorou no início do século 20. Para repetir a receita, o mineiro teria inserção especialíssima num futuro governo, sugerem tucanos paulistas. Ele participaria das grandes decisões e se tornaria candidato natural à sucessão.
Para garantir o acordo, Serra e o PSDB patrocinariam a extinção da reeleição a partir do candidato eleito em 2010, o que seria votado pelo Congresso em 2009, aparentemente sem dificuldades, já que o PT também apoiaria a mudança.
Por enquanto, Aécio resiste à idéia da chapa puro-sangue, argumentando que uma sadia disputa interna ajudaria a mobilizar o partido nacionalmente. Ele insiste em que o PSDB, antes de buscar um candidato, deve definir um projeto para o País. Quando ouve o argumento de que ainda não tem a mesma densidade eleitoral de Serra, admite - como esta semana - que nunca disputou uma eleição nacional, mas mesmo assim já consegue índices animadores nas pesquisas eleitorais.
LEGITIMIDADE
Os serristas falam com extrema cautela da negociação; eles reconhecem, desde já, o "direito" de Aécio postular a candidatura. A expressão que mais usam é que a pré-candidatura de Aécio "é legítima". Em São Paulo, ninguém acredita, no entanto, que os interesses cruzados possam redundar em conflito político.
Uma das garantias de paz, qualquer que seja a fórmula para definir o candidato em 2010, é o papel de FHC - a única pessoa capaz de falar a Serra e Aécio com eqüidistância.
Os tucanos paulistas, porém, estão mesmo de olho é no possível resultado eleitoral de uma chapa puro-sangue. Eles acham que Minas precisa aderir ao projeto para evitar o descompasso que ocorreu em 2002 e 2006. No primeiro turno de 2002, Aécio teve 58% dos votos para governador e Serra, 23% para presidente; em 2006, no primeiro turno, Aécio teve 77% na reeleição e Geraldo Alckmin, 40% para presidente. O cuidado dos tucanos tem outro viés: uma chapa puro-sangue uniria dois Estados que representam 43 milhões dos 130 milhões de eleitores do País.
Aécio, pelo que se sabe, não se mostrou atraído pela fórmula. Diz que é candidato a presidente pelo PSDB, não pretende mudar de partido e, se não for indicado, concorrerá ao Senado em 2010, com o objetivo de presidir a Casa a partir de 2011.
A idéia não opera meramente com uma candidatura para 2010, informa qualificada fonte do partido, mas com um projeto de poder que pretende se expandir para, pelo menos, dois mandatos presidenciais. Aécio seria candidato a vice e, se a chapa puro-sangue vencesse, assumiria a Saúde ou a Educação, para comandar uma grande revolução na área. Seguiria, assim, a mesma receita que fez de Serra uma referência nacional, a partir de 1998, quando assumiu o Ministério da Saúde.
Assim, Aécio se transformaria em candidato natural à sucessão seguinte, numa reedição moderna da política do café-com-leite que vigorou no início do século 20. Para repetir a receita, o mineiro teria inserção especialíssima num futuro governo, sugerem tucanos paulistas. Ele participaria das grandes decisões e se tornaria candidato natural à sucessão.
Para garantir o acordo, Serra e o PSDB patrocinariam a extinção da reeleição a partir do candidato eleito em 2010, o que seria votado pelo Congresso em 2009, aparentemente sem dificuldades, já que o PT também apoiaria a mudança.
Por enquanto, Aécio resiste à idéia da chapa puro-sangue, argumentando que uma sadia disputa interna ajudaria a mobilizar o partido nacionalmente. Ele insiste em que o PSDB, antes de buscar um candidato, deve definir um projeto para o País. Quando ouve o argumento de que ainda não tem a mesma densidade eleitoral de Serra, admite - como esta semana - que nunca disputou uma eleição nacional, mas mesmo assim já consegue índices animadores nas pesquisas eleitorais.
LEGITIMIDADE
Os serristas falam com extrema cautela da negociação; eles reconhecem, desde já, o "direito" de Aécio postular a candidatura. A expressão que mais usam é que a pré-candidatura de Aécio "é legítima". Em São Paulo, ninguém acredita, no entanto, que os interesses cruzados possam redundar em conflito político.
Uma das garantias de paz, qualquer que seja a fórmula para definir o candidato em 2010, é o papel de FHC - a única pessoa capaz de falar a Serra e Aécio com eqüidistância.
Os tucanos paulistas, porém, estão mesmo de olho é no possível resultado eleitoral de uma chapa puro-sangue. Eles acham que Minas precisa aderir ao projeto para evitar o descompasso que ocorreu em 2002 e 2006. No primeiro turno de 2002, Aécio teve 58% dos votos para governador e Serra, 23% para presidente; em 2006, no primeiro turno, Aécio teve 77% na reeleição e Geraldo Alckmin, 40% para presidente. O cuidado dos tucanos tem outro viés: uma chapa puro-sangue uniria dois Estados que representam 43 milhões dos 130 milhões de eleitores do País.
Aécio, pelo que se sabe, não se mostrou atraído pela fórmula. Diz que é candidato a presidente pelo PSDB, não pretende mudar de partido e, se não for indicado, concorrerá ao Senado em 2010, com o objetivo de presidir a Casa a partir de 2011.
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