Pular para o conteúdo principal

Alencar defende MP que legaliza posses

TÂNIA MONTEIRO - Agencia Estado

BRASÍLIA - O presidente da República em exercício, José Alencar, defendeu hoje a Medida Provisória (MP) 458, que permite a legalização de ocupações de terras da União de até 1,5 mil hectares na Amazônia Legal e está para ser sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Alencar anunciou sua posição em cerimônia na qual sancionou lei que transfere terras da União aos Estados de Roraima e Amapá.

A lei resultante da MP 458 é motivo de polêmica no Congresso e também entre o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, e ambientalistas, de um lado, e o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, e os ruralistas, de outro. Petistas liderados pela ex-ministra do Meio Ambiente e senadora Marina Silva (PT-AC) são contra a regularização de terras com mais de 400 hectares. Para o governo, a 458 é a "MP da Legalização"; já para os que a desaprovam, é a "MP da Grilagem".

Depois de reconhecer que o presidente Lula poderá vetar algum artigo do texto, Alencar afirmou que até 400 hectares a regularização das terras é feita "sem licitação e a preço nulo, praticamente, e em alguns casos são doações". Mas o presidente em exercício mostrou-se favorável à regularização de ocupações de terras mais extensas.

"Às vezes, o sujeito fala: ''1.500 hectares é muita coisa.'' É muita coisa no Estado de São Paulo e mesmo no meu Estado, Minas Gerais, mas lá, na Amazônia, não é muita coisa, não. Sim, porque só pode aproveitar 20%, então não é muita coisa. Ninguém precisa pensar que 1.500 hectares é uma propriedade gigantesca. Não é, não. Na Amazônia, não é. Tudo é relativo. Outra coisa, ela tem que ter tamanho econômico também", afirmou Alencar.

Empresas

Ele disse que, nos casos de até 1,5 mil hectares, a regularização será feita por meio de licitação pública. Alencar indicou que é favorável à entrada de empresas na ocupação das terras, contrariando os ambientalistas. "É preciso que haja, naturalmente, interesse também de empresas ou de pessoas que cuidem de agricultura, para se interessarem pela compra desses 1.500 hectares", disse.

Alencar se justificou, dizendo que sua posição sobre esse ponto "sempre foi mais tipo cooperativa, através de núcleos residenciais, onde estivesse presente a educação, a saúde e a orientação técnica para a operação da terra, porque hoje não há mais como você competir com a agricultura de enxada em uma área tão distante". "Nós somos contra a devastação da Amazônia. Isso não significa que sejamos contra, por isso, a produção na Amazônia. É preciso que haja produção com responsabilidade, e o projeto teve o cuidado de delimitar também área que seja preservada e área que possa ser aproveitada."

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Astronomia: Milhares de cometas escuros podem colidir com a Terra

Da Lusa - Agência de Notícias de Portugal Londres, (Lusa) - Milhares de cometas que circulam no sistema solar podem ser um perigo para a Terra, por serem indetectáveis, o que dificulta a antecipação de um eventual impacto, alertaram quarta-feira vários astrónomos britânicos. São cerca de três mil os cometas que circulam no sistema solar e apenas 25 podem ser avistados a partir da Terra, lê-se no artigo da revista "New Scientist", assinado por Bill Napier, da Universidade de Cardiff, e por David Asher, astrónomo do Observatório da Irlanda do Norte. "Devemos alertar para o perigo invisível mas significativo que são os cometas escuros", dizem os astronómos, explicando que um cometa fica escuro quando perde a cola brilhante. Desprovido desta substância, "o trajecto de um cometa que esteja em rota de colisão com o planeta Terra pode passar despercebido ao telescópio", afirmam Napier e Asher. Nos últimos séculos, o cometa de que há registo de ter passado mais pr

Os Farrapos dos olhos azuis

Cláudio Ribeiro - Demitri Túlio, do Jornal O Povo, de Fortaleza A íris clara, azulzíssima em muitos deles, é a digital do povo Farrapo. Também é da identidade a pele branca avermelhada, carimbada pelo sol forte que não cessa em Sobral. Isso mais entre os que vivem na zona rural. Gostam de exaltar o sobrenome. É forte. Farrapo não é apelido. Não são uma etnia, mas são tratados assim. São “da raça dos Farrapos”, como nos disse quem os indicou a procurá-los. Os Farrapos têm história a ser contada. Praticaram a endogamia por muito tempo. Casamentos em família, entre primos, mais gente do olho azul de céu que foi nascendo e esticando a linhagem. Sempre gostaram de negociar, trocar coisa velha. São um pouco reclusos. Vivem sob reminiscências de judaísmo. Há estudo disso, mas muito ainda a ser (re)descoberto. Os Farrapos são citados, por exemplo, no livro do padre João Mendes Lira, Presença dos Judeus em Sobral e Circunvizinhanças e a Dinamização da Economia Sobralense em Função do Capital Ju

Erros judiciários: Caso Mignonette - Estado de necessidade

A 5 de Julho de 1884 naufragou o iate inglês La Mignonette. Depois de vários dias no mar, o imediato, que era o mais jovem de todos, foi morto pelos companheiros, que mais tarde alegaram estado de necessidade perante o júri. Sustentaram que não teriam sobrevivido caso não se utilizassem do cadáver para matar a fome. O júri deu um "veredicto especial", reconhecendo apenas a matéria de fato, mas deixando a questão jurídica para que a corte superior decidisse. Lord Coleridge, um dos juízes superiores, disse, entre outras considerações, o seguinte: Conservar a própria vida é, falando em geral, um dever: mas sacrificá-la pode ser o mais claro e alto dever. A necessidade moral impõe deveres dirigidos não à conservação mas ao sacrifício da sua vida pelos outros. Não é justo dizer que há uma incondicionada e ilimitada necessidade de conservar a própria vida. Necesse est ut eam, non ut viram (é necessário que eu caminhe, não que eu viva) disse Lord Bacon. Quem deve julgar o estado de