Pular para o conteúdo principal

Bancada ruralista apresenta projeto que revoga Código Florestal

Renata Camargo
Congresso Em Foco

O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, deputado Valdir Colatto (PMDB-SC), apresentou na noite de quarta-feira (3), quase ao final da sessão ordinária, o projeto de lei que cria o Código Ambiental Brasileiro e estabelece uma nova Política Nacional de Meio Ambiente. A proposta, protocolada com 45 assinaturas de deputados que apoiam o projeto, pretende revogar o atual Código Florestal.
A principal mudança prevista no projeto é dar autonomia aos estados para que eles estabeleçam leis ambientais específicas. Os ruralistas querem estender a experiência com a criação do Código Ambiental Catarinense para os demais estados. O código de Santa Catarina, no entanto, está sendo contestado tanto na Justiça do estado, quanto no Supremo Tribunal Federal (STF).Os ruralistas justificam que a atual legislação ambiental está “obsoleta” e em “desacordo com a realidade do país”. Eles argumentam que estabelecer porcentagens e metragens iguais para todo o país – como é o caso dos percentuais propostos para a reserva legal – é uma “antipolítica ambiental”.
A iniciativa ruralista deve aumentar ainda mais o embate com o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. Na manhã de hoje, Minc preferiu não se pronunciar sobre a proposta, justificando que ainda não recebeu oficialmente o projeto. O ministro disse, no entanto, que várias modificações na legislação ambiental para atender os pequenos produtores rurais já foram feitas e que 90% dos agricultores brasileiros já foram atendidos.
Segundo Minc, entre as modificações acordadas entre Ministério do Meio Ambiente e agricultores e pecuaristas, está a possibilidade de compensação de reserva legal fora da micro-bacia – desde que seja no mesmo bioma e na mesma bacia hidrográfica –, e a soma de área de reserva legal e Área de Proteção Ambiental (APP), o que reduz o espaço a ser preservado e aumenta a área de plantio. Além disso, de acordo com o ministro, os produtores poderão plantar nas encostas.
“Nós propusemos várias modificações que resolvem o problema de 90% dos agricultores brasileiros. Agora terei que na semana que vem sentar com a bancada da Agricultura e Pecuária, como eles gostam de ser chamados, e com a articulada e bela senadora Kátia Abreu [DEM-TO], e ver os outros 10%”, disse Minc.
Em abril, o ministro do Meio Ambiente chegou a se posicionar sobre a proposta ruralista de criação de um novo código ambiental. Naquela época, quando foi apresentado o pré-projeto, Minc considerou “antiquada” a proposta de descentralizar a política ambiental e fortalecer as leis estaduais em detrimento da legislação federal. O ministro, entretanto, admitiu que o atual Código Florestal precisa de “adaptação, modernização e flexibilização”.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Os Farrapos dos olhos azuis

Cláudio Ribeiro - Demitri Túlio, do Jornal O Povo, de Fortaleza A íris clara, azulzíssima em muitos deles, é a digital do povo Farrapo. Também é da identidade a pele branca avermelhada, carimbada pelo sol forte que não cessa em Sobral. Isso mais entre os que vivem na zona rural. Gostam de exaltar o sobrenome. É forte. Farrapo não é apelido. Não são uma etnia, mas são tratados assim. São “da raça dos Farrapos”, como nos disse quem os indicou a procurá-los. Os Farrapos têm história a ser contada. Praticaram a endogamia por muito tempo. Casamentos em família, entre primos, mais gente do olho azul de céu que foi nascendo e esticando a linhagem. Sempre gostaram de negociar, trocar coisa velha. São um pouco reclusos. Vivem sob reminiscências de judaísmo. Há estudo disso, mas muito ainda a ser (re)descoberto. Os Farrapos são citados, por exemplo, no livro do padre João Mendes Lira, Presença dos Judeus em Sobral e Circunvizinhanças e a Dinamização da Economia Sobralense em Função do Capital Ju...

Erros judiciários: Caso Mignonette - Estado de necessidade

A 5 de Julho de 1884 naufragou o iate inglês La Mignonette. Depois de vários dias no mar, o imediato, que era o mais jovem de todos, foi morto pelos companheiros, que mais tarde alegaram estado de necessidade perante o júri. Sustentaram que não teriam sobrevivido caso não se utilizassem do cadáver para matar a fome. O júri deu um "veredicto especial", reconhecendo apenas a matéria de fato, mas deixando a questão jurídica para que a corte superior decidisse. Lord Coleridge, um dos juízes superiores, disse, entre outras considerações, o seguinte: Conservar a própria vida é, falando em geral, um dever: mas sacrificá-la pode ser o mais claro e alto dever. A necessidade moral impõe deveres dirigidos não à conservação mas ao sacrifício da sua vida pelos outros. Não é justo dizer que há uma incondicionada e ilimitada necessidade de conservar a própria vida. Necesse est ut eam, non ut viram (é necessário que eu caminhe, não que eu viva) disse Lord Bacon. Quem deve julgar o estado de ...

Astronomia: Milhares de cometas escuros podem colidir com a Terra

Da Lusa - Agência de Notícias de Portugal Londres, (Lusa) - Milhares de cometas que circulam no sistema solar podem ser um perigo para a Terra, por serem indetectáveis, o que dificulta a antecipação de um eventual impacto, alertaram quarta-feira vários astrónomos britânicos. São cerca de três mil os cometas que circulam no sistema solar e apenas 25 podem ser avistados a partir da Terra, lê-se no artigo da revista "New Scientist", assinado por Bill Napier, da Universidade de Cardiff, e por David Asher, astrónomo do Observatório da Irlanda do Norte. "Devemos alertar para o perigo invisível mas significativo que são os cometas escuros", dizem os astronómos, explicando que um cometa fica escuro quando perde a cola brilhante. Desprovido desta substância, "o trajecto de um cometa que esteja em rota de colisão com o planeta Terra pode passar despercebido ao telescópio", afirmam Napier e Asher. Nos últimos séculos, o cometa de que há registo de ter passado mais pr...