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Acenderam uma poronga na educação acreana


Edinei Muniz

O educador Rubem Alves certo dia construiu a seguinte frase: “há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas”. Esta mensagem, se bem interpretada, pode ser bastante útil para compreendermos o que anda acontecendo de bom na educação acreana através do Projeto Poronga, este que é, sem dúvidas, um dos melhores exemplos de como um programa educacional de aceleração de aprendizagem bem planejado pode revolucionar a educação.

Nos últimos anos, acumulei críticas ao governo estadual, em especial, a respeito da educação. Minha enorme paixão pelas estatísticas, associada ao espírito crítico, me fez debruçar sobre todos os indicadores relacionados. Conheço todos eles, cada avanço e cada recuo. Aí surge a seguinte pergunta: será que no geral a educação melhorou nos últimos anos? Respondo: melhorou muito! Não, claro, na mesma medida em que é disseminado através da propaganda oficial, mas, retirando os excessos, ainda sobra muita coisa boa. Aliás, muita coisa boa mesmo. Uma delas é o Projeto Poronga.

O maior mérito da luz do Poronga é sua enorme contribuição para a redução da taxa de distorção idade-série, provocada pelo alto índice de repetência e de evasão. Ou seja, trocando em miúdos, o projeto abre janelas de oportunidades, promovendo cidadania e ajudando a afastar para bem longe o preocupante problema - e suas consequências nefastas - das múltiplas saídas e regressos à escola.

A esse respeito, vejamos como o nosso Binho, todo satisfeito – e com razão - define o projeto: “o Projeto Poronga é um programa que tem papel essencial na melhoria da auto-estima dos estudantes. Jovens que pensavam que não poderiam mais seguir com os estudos, hoje estão se formando”. É isso mesmo! O Projeto devolve à estrada quem já estava se distanciando dela. E mais, com qualidade, e com combustível para seguir em frente.

Por outro lado, calando os pessimistas, que achavam que os egressos do poronga não conseguiriam acompanhar o ritmo do ensino regular (após retorno), veio uma pesquisa e mostrou que tais argumentos não passam de mero preconceito vindo de quem não consegue entender que educação é inclusão. A pesquisa diz que estão todos no mesmo patamar intelectual.

Pelo acerto, e por dever de justiça, parabéns a todos os envolvidos nesse fenomenal projeto. Em especial, ao pai da criança, professor e bom governador, Binho Marques, o homem que está dando asas à educação acreana.

Edinei Muniz é professor

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