O Globo
RIO - A crise financeira mundial já está encarecendo o crédito no Brasil. Nos últimos dias, bancos começaram a elevar as taxas cobradas em financiamentos de veículos e a diminuir os prazos máximos de pagamento de 72 meses para 60 meses. Levantamento do economista Ayrton Fontes, da MSantos, com seis grande bancos que atuam no país, mostra que os juros aumentaram entre 10% e 25%. Na Itavema de Nova Iguaçu, concessionária da Fiat, os bancos já aumentaram os juros duas vezes em dez dias, afirma César Machado, gerente de vendas. Segundo ele, nesse período as taxas pularam de cerca de 1,40% ao mês para 1,70% ao mês, uma alta de 21,4%.- Todos os bancos aumentaram os juros, sem exceção. Quanto ao prazo máximo, o Santander baixou para 60 meses, mas o Itaú e o Real ainda parcelam em 72. Ainda não senti um impacto forte nas vendas, mas vejo que as pessoas já preferem economizar antes para dar uma entrada maior e fugir dos juros mais alto - contou Machado.A equipe de reportagem do GLOBO telefonou para dez lojas (das marcas Chevrolet, Ford, Fiat, Wolksvagem, Renault e Peugeot) na região metropolitana do Rio pedindo informações sobre as mudanças que estão ocorrendo nas formas de pagamento na compra parcelada de um carro popular. Em ao menos sete casos, o vendedor da loja afirmou que os juros já estavam subindo ou iriam subir em breve. Um dos vendedores disse, inclusive, que nenhum financiamentos foi aprovado na terça-feira. Todos culpavam a atual crise financeira pelas mudanças, embora nem todos soubessem explicar exatamente o que está acontecendo no mercado de crédito. Ouça abaixo as explicações dos vendedores das concessionária sobre as mudanças no financiamento.Alguns vendedores aproveitavam-se da expectativa de que o custo do financiamento ficará mais caro para alarmar o consumidor e acelerar as vendas. `É melhor comprar agora, porque as condições vão piorar`, disse a maioria deles. Um chegou a afirmar que os juros estavam mais altos porque o dólar já está custando R$ 3,00, uma informação incorreta. A moeda americana fechou hoje cotada a R$ 1,925 e não ultrapassou nem R$ 2 nesta crise. Outro explicou que a última queda tão forte da Bovespa, que caiu 9% na segunda-feira, foi há 60 anos, na crise asiática, que na verdade ocorreu na década de 90 do século XX.Exageros à parte, as concessionária já temem perder clientes por causa da alta dos juros e da redução dos prazos de financiamento. Segundo Marcelo Messora, gerente geral da concessionária Americas Barra, da Chevrolet, suas vendas podem cair 20% com as mudanças.- Setenta porcento do que eu vendo é financiado. Os prazos de pagamento vão cair para no máximo 60 vezes e isso pode derrubar minhas vendas em 20%. As tabelas de juros estão subindo diariamente. Não posso mais fazer anúncio ou venda programada - reclama Messora.Para Miguel de Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), os brasileiros já estão sentindo a redução na oferta de crédito. Ele afirma que o bancos estão mais seletivos e criteriosos para emprestar por causa da crise. E se o crédito já estava mais caro por causa da alta da Selic iniciada em abril, o valor das prestações também estão ficando maiores por causa da redução dos prazos de financiamento, diz.- Em agosto, o prazo máximo para financiamento de um carro era de 72 meses. Agora, caiu para 60, e a maioria é de 36. No caso dos eletrodomésticos, acontece a mesma coisa. Os prazos máximos caíram de 36 para 24 meses, e o mais comum são os prazos de 12. Isso afeta o consumo, pois a redução dos prazos eleva muito o preço das prestações - avalia Oliveira.
RIO - A crise financeira mundial já está encarecendo o crédito no Brasil. Nos últimos dias, bancos começaram a elevar as taxas cobradas em financiamentos de veículos e a diminuir os prazos máximos de pagamento de 72 meses para 60 meses. Levantamento do economista Ayrton Fontes, da MSantos, com seis grande bancos que atuam no país, mostra que os juros aumentaram entre 10% e 25%. Na Itavema de Nova Iguaçu, concessionária da Fiat, os bancos já aumentaram os juros duas vezes em dez dias, afirma César Machado, gerente de vendas. Segundo ele, nesse período as taxas pularam de cerca de 1,40% ao mês para 1,70% ao mês, uma alta de 21,4%.- Todos os bancos aumentaram os juros, sem exceção. Quanto ao prazo máximo, o Santander baixou para 60 meses, mas o Itaú e o Real ainda parcelam em 72. Ainda não senti um impacto forte nas vendas, mas vejo que as pessoas já preferem economizar antes para dar uma entrada maior e fugir dos juros mais alto - contou Machado.A equipe de reportagem do GLOBO telefonou para dez lojas (das marcas Chevrolet, Ford, Fiat, Wolksvagem, Renault e Peugeot) na região metropolitana do Rio pedindo informações sobre as mudanças que estão ocorrendo nas formas de pagamento na compra parcelada de um carro popular. Em ao menos sete casos, o vendedor da loja afirmou que os juros já estavam subindo ou iriam subir em breve. Um dos vendedores disse, inclusive, que nenhum financiamentos foi aprovado na terça-feira. Todos culpavam a atual crise financeira pelas mudanças, embora nem todos soubessem explicar exatamente o que está acontecendo no mercado de crédito. Ouça abaixo as explicações dos vendedores das concessionária sobre as mudanças no financiamento.Alguns vendedores aproveitavam-se da expectativa de que o custo do financiamento ficará mais caro para alarmar o consumidor e acelerar as vendas. `É melhor comprar agora, porque as condições vão piorar`, disse a maioria deles. Um chegou a afirmar que os juros estavam mais altos porque o dólar já está custando R$ 3,00, uma informação incorreta. A moeda americana fechou hoje cotada a R$ 1,925 e não ultrapassou nem R$ 2 nesta crise. Outro explicou que a última queda tão forte da Bovespa, que caiu 9% na segunda-feira, foi há 60 anos, na crise asiática, que na verdade ocorreu na década de 90 do século XX.Exageros à parte, as concessionária já temem perder clientes por causa da alta dos juros e da redução dos prazos de financiamento. Segundo Marcelo Messora, gerente geral da concessionária Americas Barra, da Chevrolet, suas vendas podem cair 20% com as mudanças.- Setenta porcento do que eu vendo é financiado. Os prazos de pagamento vão cair para no máximo 60 vezes e isso pode derrubar minhas vendas em 20%. As tabelas de juros estão subindo diariamente. Não posso mais fazer anúncio ou venda programada - reclama Messora.Para Miguel de Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), os brasileiros já estão sentindo a redução na oferta de crédito. Ele afirma que o bancos estão mais seletivos e criteriosos para emprestar por causa da crise. E se o crédito já estava mais caro por causa da alta da Selic iniciada em abril, o valor das prestações também estão ficando maiores por causa da redução dos prazos de financiamento, diz.- Em agosto, o prazo máximo para financiamento de um carro era de 72 meses. Agora, caiu para 60, e a maioria é de 36. No caso dos eletrodomésticos, acontece a mesma coisa. Os prazos máximos caíram de 36 para 24 meses, e o mais comum são os prazos de 12. Isso afeta o consumo, pois a redução dos prazos eleva muito o preço das prestações - avalia Oliveira.
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