Pular para o conteúdo principal

Tião Viana é acusado no STF por briga que tentou apartar

Fonte: Blog do Josias - Folha

Chegou ao STF, no início da noite desta segunda (10), uma denúncia de aparência inusitada. Foi formulada pelo Ministério Público Federal no DF. Inclui no rol dos acusados Tião Viana (PT-AC).
O senador é responsabilizado nos autos por uma briga que tentou evitar e que lhe rendeu um soco no rosto. O episódio ocorreu em 12 de setembro de 2007, em área próxima à porta de entrada do Senado.
Realizou-se nesse dia a sessão secreta em que os senadores rejeitaram um pedido de cassação do mandato de Renan Calheiros (PMDB-AL). Munidos de liminar do Supremo, que lhes autorizava a assistir à sessão sigilosa, 13 deputados federais marcharam da Câmara em direção ao plenário da Casa vizinha. Súbito, foram abordados por agentes da Polícia do Senado.
Luciana Genro (PSOL-RS) foi chutada na perna. Fernando Gabeira (PV-RJ) arrostou empurrões. Raul Jungmann (PPS-PE) foi ameaçado com um teaser, equipamento que emite descargas elétricas paralisantes. Presidente interino do Senado, Tião Viana foi ao tumulto na turma do “deixa-disso” (veja foto lá no alto). Tentou conter os seguranças. E assegurou a entrada dos deputados.
Em meio ao lufa-lufa, o rosto de Tião foi alcançado pelo punho de Gabeira. "Inadvertidamente, dei um soco no presidente [Tião]. Mas agora nos beijamos e está tudo bem", disse, no dia, um contrafeito Gabeira.
A despeito da ação apaziguadora, Tião Viana foi alçado à denúncia que acaba de aportar no STF como co-responsável pelo delito de lesão corporal.“Não consigo entender”, dizia, na noite passada, o senador, agora candidato à presidência do Senado. Até os agredidos surpreenderam-se.“De minha parte, quero a punição dos responsáeis pela violência”, afirmou ao blog o deputado Raul Jungmann. “Mas, até onde eu pude ver, a posição do Tião Viana foi a de evitar que ocorressem danos maiores. Não sei o que podem ter dito os seguranças nos depoimentos [à Polícia Federal]”.
O caso subiu ao Supremo depois que a Justiça Federal de Brasília considerou-se incompetente para julgar um processo que tem um senador entre os acusados. Pela lei, os congressistas dispõem de privilégio de foro. Só podem ser processados perante o STF. Assim mesmo, a denúncia precisa ser referendada pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, que não foi ouvido.
Além da imputação de lesão corporal, Tião Viana é acusado de desobedecer à ordem judicial que determinara o acesso dos deputados ao plenário do Senado. Deu-se, porém, o oposto. No dia da refrega, Tião reuniu a Mesa diretora do Senado. Decidiu-se recorrer contra a liminar do Supremo.
Mas também ficou decidido que, enquanto não viesse uma contra-ordem do tribunal, a liminar seria cumprida. Os deputados entraram na sessão secreta. Num país em que, submetida a uma avalanche de processos, a Justiça caminha a passos de tartaruga manca, o novo caso tem a cara do surreal. Parece condenado ao arquivo.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Astronomia: Milhares de cometas escuros podem colidir com a Terra

Da Lusa - Agência de Notícias de Portugal Londres, (Lusa) - Milhares de cometas que circulam no sistema solar podem ser um perigo para a Terra, por serem indetectáveis, o que dificulta a antecipação de um eventual impacto, alertaram quarta-feira vários astrónomos britânicos. São cerca de três mil os cometas que circulam no sistema solar e apenas 25 podem ser avistados a partir da Terra, lê-se no artigo da revista "New Scientist", assinado por Bill Napier, da Universidade de Cardiff, e por David Asher, astrónomo do Observatório da Irlanda do Norte. "Devemos alertar para o perigo invisível mas significativo que são os cometas escuros", dizem os astronómos, explicando que um cometa fica escuro quando perde a cola brilhante. Desprovido desta substância, "o trajecto de um cometa que esteja em rota de colisão com o planeta Terra pode passar despercebido ao telescópio", afirmam Napier e Asher. Nos últimos séculos, o cometa de que há registo de ter passado mais pr

Os Farrapos dos olhos azuis

Cláudio Ribeiro - Demitri Túlio, do Jornal O Povo, de Fortaleza A íris clara, azulzíssima em muitos deles, é a digital do povo Farrapo. Também é da identidade a pele branca avermelhada, carimbada pelo sol forte que não cessa em Sobral. Isso mais entre os que vivem na zona rural. Gostam de exaltar o sobrenome. É forte. Farrapo não é apelido. Não são uma etnia, mas são tratados assim. São “da raça dos Farrapos”, como nos disse quem os indicou a procurá-los. Os Farrapos têm história a ser contada. Praticaram a endogamia por muito tempo. Casamentos em família, entre primos, mais gente do olho azul de céu que foi nascendo e esticando a linhagem. Sempre gostaram de negociar, trocar coisa velha. São um pouco reclusos. Vivem sob reminiscências de judaísmo. Há estudo disso, mas muito ainda a ser (re)descoberto. Os Farrapos são citados, por exemplo, no livro do padre João Mendes Lira, Presença dos Judeus em Sobral e Circunvizinhanças e a Dinamização da Economia Sobralense em Função do Capital Ju

Erros judiciários: Caso Mignonette - Estado de necessidade

A 5 de Julho de 1884 naufragou o iate inglês La Mignonette. Depois de vários dias no mar, o imediato, que era o mais jovem de todos, foi morto pelos companheiros, que mais tarde alegaram estado de necessidade perante o júri. Sustentaram que não teriam sobrevivido caso não se utilizassem do cadáver para matar a fome. O júri deu um "veredicto especial", reconhecendo apenas a matéria de fato, mas deixando a questão jurídica para que a corte superior decidisse. Lord Coleridge, um dos juízes superiores, disse, entre outras considerações, o seguinte: Conservar a própria vida é, falando em geral, um dever: mas sacrificá-la pode ser o mais claro e alto dever. A necessidade moral impõe deveres dirigidos não à conservação mas ao sacrifício da sua vida pelos outros. Não é justo dizer que há uma incondicionada e ilimitada necessidade de conservar a própria vida. Necesse est ut eam, non ut viram (é necessário que eu caminhe, não que eu viva) disse Lord Bacon. Quem deve julgar o estado de