Pular para o conteúdo principal

Ataques de Israel são legitima defesa, diz advogado

Conjur - por Daniel Roncaglia

O Estado de Israel não comete crimes de guerra na sua ofensiva à Faixa de Gaza, porque está agindo em legítima defesa. Para o advogado Nilton Aizenman, presidente da Associação Nacional de Advogados e Juristas Brasil-Israel, os crimes, na verdade, são cometidos pelo Hamas que ataca civis israelenses, tenta destruir um Estado membro da ONU e usa civis como escudos. “Quando o Hamas dispara foguetes contra cidades de Israel onde não há bases militares, eles estão cometendo crimes de guerra”, afirma.

O advogado rebate o argumento de que, pela Convenção de Genebra e pelo Estatuto de Roma, Israel comete crime de guerra ao usar a força aérea contra a população civil. “Eles estão armazenando e fabricando os foguetes em locais ocupados por civis. Usam a população como escudo”, diz, classificando a questão como um sofisma. Aizenman cita como exemplo de uso de escudo o caso do dirigente do Hamas, Nizar Rayan, morto em um ataque aéreo no dia 1º de janeiro. Com ele, morreram duas de suas quatro mulheres e oito filhos.

Por isso, segundo ele, o cessar-fogo, que vigorava nos últimos meses, era legalmente desproporcional. Em sua opinião, Israel deixou de se autodefender suspendendo ações militares legitimas para que o Hamas deixasse de matar civis inocentes.

Israel ataca o Hamas na Faixa de Gaza há 12 dias. Já morreram, pelo menos, 670 palestinos e dez israelenses. Sobre a desproporção no número de mortes, Aizenman a classifica como uma questão subjetiva. “O Hamas não mata mais porque não pode. Se tivessem, eles mandariam mil foguetes por dia. É preciso falar em eficiência militar”.

Aizenman contesta ainda afirmação dos juízes Ali Mazloum e Nadim Mazloum, no artigo Conflito em Gaza — Holocausto de judeus não permite o de palestinos, publicado neste site no dia 2 de janeiro (clique aqui para ler). Segundo o advogado, “é um sacrilégio fazer esse tipo de comparação. No Holocausto, ninguém estava agredindo ninguém. Os judeus não tinham direitos reconhecidos”.

Para Aizenman, o momento na Faixa de Gaza é de guerra. “Podemos dizer que uma das partes está adotando os procedimentos de guerra”, afirma. Segundo ele, no entanto, o lado palestino age com agressão em uma atitude tipicamente terrorista. “Se eles disparassem foguetes em uma base militar, seria uma guerra convencional”,

O advogado lembra que não se trata de uma disputa entre dois Estados, mas de combate ao terrorismo já que o Hamas se recusa a reconhecer formalmente o direito de Israel existir. “Israel tentou negociar com a Autoridade Palestina. Mas, enquanto o Hamas não retirar do seu estatuto que é contra a existência do estado de Israel, é claro que eles continuarão a ser um grupo terrorista. A questão é que eles se colocam uma hora como militantes, outra como vítimas”, argumenta.

Segundo ele, o estado de pobreza em que se encontra a Faixa de Gaza é causado pela corrupção endêmica dos próprios dirigentes palestinos. “Recentemente, Israel deu uma ajuda de US$ 100 milhões a eles. O dinheiro simplesmente sumiu”, diz.


Revista Consultor Jurídico, 7 de janeiro de 2009

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Astronomia: Milhares de cometas escuros podem colidir com a Terra

Da Lusa - Agência de Notícias de Portugal Londres, (Lusa) - Milhares de cometas que circulam no sistema solar podem ser um perigo para a Terra, por serem indetectáveis, o que dificulta a antecipação de um eventual impacto, alertaram quarta-feira vários astrónomos britânicos. São cerca de três mil os cometas que circulam no sistema solar e apenas 25 podem ser avistados a partir da Terra, lê-se no artigo da revista "New Scientist", assinado por Bill Napier, da Universidade de Cardiff, e por David Asher, astrónomo do Observatório da Irlanda do Norte. "Devemos alertar para o perigo invisível mas significativo que são os cometas escuros", dizem os astronómos, explicando que um cometa fica escuro quando perde a cola brilhante. Desprovido desta substância, "o trajecto de um cometa que esteja em rota de colisão com o planeta Terra pode passar despercebido ao telescópio", afirmam Napier e Asher. Nos últimos séculos, o cometa de que há registo de ter passado mais pr

Os Farrapos dos olhos azuis

Cláudio Ribeiro - Demitri Túlio, do Jornal O Povo, de Fortaleza A íris clara, azulzíssima em muitos deles, é a digital do povo Farrapo. Também é da identidade a pele branca avermelhada, carimbada pelo sol forte que não cessa em Sobral. Isso mais entre os que vivem na zona rural. Gostam de exaltar o sobrenome. É forte. Farrapo não é apelido. Não são uma etnia, mas são tratados assim. São “da raça dos Farrapos”, como nos disse quem os indicou a procurá-los. Os Farrapos têm história a ser contada. Praticaram a endogamia por muito tempo. Casamentos em família, entre primos, mais gente do olho azul de céu que foi nascendo e esticando a linhagem. Sempre gostaram de negociar, trocar coisa velha. São um pouco reclusos. Vivem sob reminiscências de judaísmo. Há estudo disso, mas muito ainda a ser (re)descoberto. Os Farrapos são citados, por exemplo, no livro do padre João Mendes Lira, Presença dos Judeus em Sobral e Circunvizinhanças e a Dinamização da Economia Sobralense em Função do Capital Ju

Erros judiciários: Caso Mignonette - Estado de necessidade

A 5 de Julho de 1884 naufragou o iate inglês La Mignonette. Depois de vários dias no mar, o imediato, que era o mais jovem de todos, foi morto pelos companheiros, que mais tarde alegaram estado de necessidade perante o júri. Sustentaram que não teriam sobrevivido caso não se utilizassem do cadáver para matar a fome. O júri deu um "veredicto especial", reconhecendo apenas a matéria de fato, mas deixando a questão jurídica para que a corte superior decidisse. Lord Coleridge, um dos juízes superiores, disse, entre outras considerações, o seguinte: Conservar a própria vida é, falando em geral, um dever: mas sacrificá-la pode ser o mais claro e alto dever. A necessidade moral impõe deveres dirigidos não à conservação mas ao sacrifício da sua vida pelos outros. Não é justo dizer que há uma incondicionada e ilimitada necessidade de conservar a própria vida. Necesse est ut eam, non ut viram (é necessário que eu caminhe, não que eu viva) disse Lord Bacon. Quem deve julgar o estado de