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Amazônia de Euclides (2)

Foto do Jornal O Estado de S. Paulo
por Daniel Piza

No fim de semana percorremos na baleeira “Euclides da Cunha” o trecho do rio Purus que vai de Sena Madureira a Manoel Urbano, no território do Amazonas, e mede cerca de 280 km; depois seguimos mais alguns povoados acima, em direção a São Brás, onde naufragou o batelão em que o escritor viajou em 1905. Durante boa parte do trajeto, encontramos uma velha criatura amazônica, a chuva, de pingos grossos e constante.

Perto de Silêncio de Cima, fomos de voadeira (bote a motor) conversar com ribeirinhos que vivem de caça, pesca e cultivo de milho, arroz e frutas. Uma família, Dias da Silva, mostra o couro de um maracajá, gato selvagem que o cachorro da casa pegou enquanto ele atacava galinhas. Eles têm energia solar e uma antena de TV. Têm também anemia. Um pouco adiante, em outra bancada do rio, encontramos uma mulher sozinha, cujo marido saiu para negociar carne. Eliene da Costa, 26 anos, conta que tem dois filhos que moram com o ex-marido e que o marido atual não deixa que aprenda a ler e escrever. Ela se diz arrependida de não ter estudado.



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