Carta do Leitor, Revista Veja
Vai bem ou vai mal um partido que, numa mesma semana, perde dois senadores, vê alguns de seus líderes serem humilhados publicamente e tem sua candidata presidencial acusada - de novo - de mentir? Pela lógica mais elementar, a resposta parece óbvia: vai mal. De fato, mesmo para os que sabem que a política é mutável como as condições climáticas, o Partido dos Trabalhadores atravessa uma crise de valores e de identidade da qual um dos aspectos mais simbólicos é a defecção da senadora Marina Silva. Legítima representante do que o PT anunciava como sua bandeira exclusiva, a ética e a coerência, ela agora se prepara para concorrer pelo Partido Verde nas eleições presidenciais de 2010 - fazendo estrago, assim, em todas as candidaturas já postas, mas principalmente na da petista Dilma Rousseff, o que acrescenta ao simbolismo de sua saída as feições de ameaça concreta.
A morte lenta do PT começou em 2005, com o mensalão, como já antecipava uma reportagem de capa de VEJA naquele ano, e, desde então, o partido vem se transformando em linha auxiliar dos projetos pessoais do presidente Lula - ou do que se convencionou chamar de lulismo - tanto quanto Sarney, Collor ou Renan. O dano causado por esse fenômeno é abordado por Carlos Augusto Montenegro, presidente do Ibope, em entrevista publicada nesta edição. Nas eleições passadas, o PT amealhou um número de votos só menor do que o do PMDB. Montenegro diz que, de lá para cá, o partido foi se desidratando programaticamente e encolhendo nos grandes centros. Ora, a lógica mais elementar informa que isso se deve à perda da bandeira da ética e às enlameadas neoamizades do presidente. Lula, porém, não se guia pela lógica elementar. Afinal de contas, não foi ela que o tirou do chão de fábrica e o colocou no Palácio do Planalto. Também nesta edição, uma reportagem mostra que Lula vem tentando acalmar os petistas insatisfeitos exibindo-lhes pesquisas encomendadas que indicam uma insensibilidade dos eleitores em relação aos desvios éticos. Lula pede que confiem no seu carisma, já testado como sendo capaz de zerar tudo e, no final, fazer o povo votar em quem ele indicar. É um erro subestimar Lula em questões eleitorais. Mas o PT dos seus sonhos não é mais um sonho de PT para seus melhores integrantes. Para o Brasil, pode ser um pesadelo.
A morte lenta do PT começou em 2005, com o mensalão, como já antecipava uma reportagem de capa de VEJA naquele ano, e, desde então, o partido vem se transformando em linha auxiliar dos projetos pessoais do presidente Lula - ou do que se convencionou chamar de lulismo - tanto quanto Sarney, Collor ou Renan. O dano causado por esse fenômeno é abordado por Carlos Augusto Montenegro, presidente do Ibope, em entrevista publicada nesta edição. Nas eleições passadas, o PT amealhou um número de votos só menor do que o do PMDB. Montenegro diz que, de lá para cá, o partido foi se desidratando programaticamente e encolhendo nos grandes centros. Ora, a lógica mais elementar informa que isso se deve à perda da bandeira da ética e às enlameadas neoamizades do presidente. Lula, porém, não se guia pela lógica elementar. Afinal de contas, não foi ela que o tirou do chão de fábrica e o colocou no Palácio do Planalto. Também nesta edição, uma reportagem mostra que Lula vem tentando acalmar os petistas insatisfeitos exibindo-lhes pesquisas encomendadas que indicam uma insensibilidade dos eleitores em relação aos desvios éticos. Lula pede que confiem no seu carisma, já testado como sendo capaz de zerar tudo e, no final, fazer o povo votar em quem ele indicar. É um erro subestimar Lula em questões eleitorais. Mas o PT dos seus sonhos não é mais um sonho de PT para seus melhores integrantes. Para o Brasil, pode ser um pesadelo.
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