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Mesmo com a resolução do TSE contra a infidelidade partidária, 16 deputados devem mudar de partido

Tiago Pariz

A última semana do troca-troca partidário deverá ser marcada por um recorde. Tudo está sendo desenhado para deixar para trás o número de deputados que trocaram de legendas em 2007, um ano antes da última eleição. O curioso é que há dois anos ainda não vigorava resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre fidelidade partidária.

Até sexta-feira, a lista fechada do troca-troca deverá chegar a 16 deputados. Esse é o número de mudanças desde agosto, mês em que os parlamentares passaram a pensar em infidelidade. Só nesta semana, 11 tendem a mudar de legenda. Em 2007, a cifra é inferior. Entre agosto e outubro, houve apenas nove deputados trocando de partido. Dois anos antes, quando se preparavam para a eleição nacional, 33 mudaram de legenda.

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, assina nesta quarta (30/9) sua filiação ao PMDB, como antecipou o Correio, em cerimônia marcada para Goiânia. Meirelles reuniu-se com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ontem para anunciar sua decisão. Ele disse que pretende comandar a autoridade monetária até março do ano que vem. Uma das possibilidades é que ele dispute o Senado em 2010.

Dois deputados também anunciam seu futuro político hoje. José Carlos Araújo (BA) oficializa a saída do PR e Marcondes Gadelha do PSB. O primeiro analisa convites do PDT e PP. O socialista já tem cerimônia de filiação marcada pelo PSC. O Partido Social Cristão tem sido o destino preferencial dos parlamentares. A legenda recebeu ontem a filiação de Laerte Bessa, do DF (leia mais na página na página 32), que deixou o PMDB, e anuncia hoje a entrada do ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz. O PSC espera ainda contar com mais três deputados: Carlos Alberto Canuto (PMDB-AL), Manoel Júnior (PSB-PB) e Sérgio Brito (PDT-BA).

Temer diz que "janela" para troca de partido é inconstitucional A legenda também negocia com mais um senador: Geraldo Mesquita (PMDB-AC), que está de malas prontas para deixar o PMDB. Com isso, o PSC poderá ter 16 deputados, superando as bancadas de PV e PPS, e dois senadores, igualando-se a PSB, PRB e deixando para trás PP e PCdoB. O primeiro vice-presidente da legenda, Everaldo Dias Pereira, creditou à organização do partido os novos filiados. “Temos norte e planejamento”, disse o dirigente. O norte e o planejamento é elevar o número de eleitores no pleito do ano que vem para inchar o fundo partidário. Hoje, o partido recebe R$ 2 milhões.

O PSC, na verdade, tem sido o caminho de quem perdeu espaço em legendas de origem. O PMDB não queria dar lugar para Mão Santa disputar o Senado novamente. “Com o PSC, serei presidente do partido e poderei disputar o que quiser”, disse o piauiense, que tentará manter o mandato de senador.

Disputa
O deputado José Carlos Araújo decidiu sair do PR(1) por uma disputa local na Bahia. Ele não concorda com a posição do senador César Borges (PR-BA) de ser adversário do governador Jaques Wagner (PT) na eleição do ano que vem e ficar com o DEM, que deverá lançar o ex-governador Paulo Souto. “É muito difícil a minha relação com o César Borges. Eu prefiro me aliar ao Wagner e não concordo com o rumo que ele (Borges) está dando. Uma hora estica a corda e não dá mais para ficar”, disse Araújo.

1- Negociações
Apesar de perder o deputado José Carlos Araújo, o PR deve ganhar outros nomes. O primeiro será Geraldo Pudim (RJ), que decidiu deixar o PMDB. Seu colega de partido e de estado Bernardo Ariston também analisa convite da legenda. Acélio Casagrande (PMDB-SC) deve anunciar até sexta a ida para o PR. A legenda também espera contar com José Carlos Vieira (DEM-SC), que tem convite do PSB.

"Com o PSC, serei presidente do partido e poderei disputar o que quiser"
Mão Santa, senador piauiense

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