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Bovespa fecha em queda de 6,91%; outubro já é o quarto pior mês da Bolsa

da Folha Online

A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) desceu para o menor nível em três anos, após amargar retração de 20,18% somente nos últimos quatro dias. O temor de uma recessão global fez as Bolsas de Valores desabarem na Ásia, na Europa e nos EUA, principalmente após a notícia de que o Reino Unido ficou mais próximo de cair em uma recessão, palavra cada mais corrente em relatórios de bancos e corretoras. Em outro dia tenso, o Banco Central brasileiro voltou a intervir agressivamente no câmbio, vendendo moeda.
Segundo levantamento da consultoria Economática, outubro de 2008 já registra o quarto pior desempenho mensal --um declínio de 36,45%-- da história do Ibovespa, somente atrás das "tragédias" contabilizadas em 1990, 1989 e 1998.
Ainda de acordo com a consultoria, a retração acumulada em dez meses (perda de 50,7%) já supera os piores desempenhos anuais registrados desde 1968 (ano de criação do índice Ibovespa).
O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa paulista, despencou 6,91% hoje, para os 31.481 pontos. O giro financeiro foi de R$ 4,47 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York desabou 3,59%.
O dólar comercial foi cotado a R$ 2,327 para venda, em alta de 0,95%. A taxa de risco-país marca 646 pontos, número 1,67% abaixo da pontuação anterior. O BC realizou dois leilões de venda de dólares, um logo pela manhã e outro perto do encerramento das operações do câmbio. Além da queima de reservas, a autoridade monetária também ofereceu contratos de "swap" cambial para os agentes financeiros.
"Tem um sentimento de pânico no mercado. Os investidores estão reagindo de forma exagerada a qualquer notícia ruim que possa surgir, porque a aversão ao risco está muito grande. E não importa que a Bolsa esteja barata, que os fundamentos da economia estejam bons: o investidor não está olhando para isso nesse momento", sintetiza Guilherme Mazzilli Pereira, analista de renda variável da Daycoval Asset Management.
"É muito difícil dizer quando isso [as turbulências do mercado] vai acabar. O cenário para a Bolsa ainda está muito negativo. Para começar a recuperação dos mercados, primeiro tem que reduzir a volatilidade. Nesse momento, os investidores vão agir de maneira menos irracional e começar a ver os fundamentos das empresas", acrescenta.
A ação da mineradora Vale, um dos papéis mais negociados da Bolsa brasileira, contribuiu para segurar as perdas do dia, num pregão em que o índice Ibovespa chegou a registrar queda de 8,96% em seu pior momento. Com negócios de R$ 673 milhões, a ação preferencial da Vale cedeu 5,36%, em contraste com a derrocada de 10,13% de outro papel bastante influente da Bolsa, a ação preferencial da Petrobras.
Ontem à noite, a mineradora surpreendeu o mercado ao revelar um lucro de R$ 12,4 bilhões no terceiro trimestre, mais que o dobro (167%) do resultado em idêntico período no ano passado. Num sinal do grau de depreciação a que chegaram as ações brasileiras após meses de crise, uma corretora projetou um preço-alvo (projeção em 12 meses) em torno de R$ 70 para a ação, que hoje foi cotada a R$ 22,05.
Recessão
A perspectiva de uma recessão global assombra os mercados há meses. Hoje, investidores e analistas tiveram essa percepção reforçada pela notícia de que o PIB do Reino Unido sofreu no terceiro trimestre queda de 0,5%, primeira retração em 16 anos. O próprio primeiro-ministro, Gordon Brown, já havia alertado nesta semana sobre a possibilidade de uma recessão no Reino Unido. Ele somente reforçou a declaração do presidente do banco central inglês, Mervyn King, de que "parece provável que a economia do Reino Unido esteja entrando em uma recessão".

O ministro das Finanças britânico, Alistair Darling, afirmou hoje que o Reino Unido conseguirá superar a desaceleração econômica, apesar de admitir que o país enfrenta um "período difícil". "Será um período difícil, mas tenho absoluta confiança em que o superaremos. Queremos ajudar as pessoas a enfrentarem este período, colocando mais dinheiro nos bolsos", declarou o ministro. Ele acrescentou que o Reino Unido deve trabalhar com outros países para assegurar que os esforços que forem sentidos aqui sejam repetidos em outros lugares.

Ontem, o ex-presidente do Federal Reserve (banco central dos EUA) Alan Greenspan alertou que os Estados Unidos estão no meio de "um tsunami creditício", e que a turbulência financeira o deixou "em um estado de estupor".

Os resultados corporativos também ajudam no mau humor. A Microsoft, por exemplo, trouxe ganho superior ao esperado pelos analistas no terceiro trimestre, mas admitiu que as vendas cairão no próximo ano. Já a Xerox anunciou lucro menor que o esperado para o período.

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