Amauri Arrais Do G1, em São Paulo
As três siglas também aparecem juntas em 139 coligações que ajudaram a eleger prefeitos de outros partidos. Embora os partidos tenham recomendado evitar as alianças com opositores no Congresso, para os recém-eleitos governantes dessas cidades, além de ajudar nas urnas, as alianças entre os partidos traria benefícios à política nacional.
“O PT do Rio tem grande proximidade com gente do PSDB. O que impede é a disputa nacional”, diz o petista Lindberg Farias, reeleito em Nova Iguaçu (RJ) em aliança com o DEM. O prefeito diz ter feito “um grande esforço” para atrair também o PSDB, que o apoiou em 2004, mas não conseguiu. Segundo Lindberg, houve um temor de que o PT nacional vetasse sua candidatura neste ano devido à aliança, o que, segundo ele, poria em risco a reeleição.
“Houve veto do apoio ao candidato do DEM em Valença [RJ], o que foi ruim porque o DEM ia apoiar o PT em cinco outros municípios. Com a postura do PT nacional, acabou inviabilizando.” Para o petista, além da "força do DEM no estado", os minutos a mais no horário eleitoral gratuito foram fundamentais. “Podíamos ter perdido eleição, deixado de conquistar espaço importante para o PT. Se o DEM não nos apoiasse, poderia apoiar nosso adversário.”
Objetivos comuns
Para o tucano Marcos Brambilla, eleito em Pirapozinho, município paulista de 24 mil habitantes, “se tirar a sigla”, PSDB e PT “são dois grupos políticos que se fundem em objetivos comuns”. Segundo o prefeito recém-eleito, o PT estadual se opôs ao acordo com o partido rival na capital, mas o diretório municipal persistiu e formalizou o apoio. Brambilla diz que o partido, que participou da elaboração do programa de governo, agora será “uma das bases da sua administração”. “O PT traz consigo não só os mesmos objetivos políticos, mas a ideologia de uma linha de política que se assemelha a nós”, disse.
Reeleito para mais quatro anos em Congonhas, a 70 km de Belo Horizonte, o petista Anderson Cabido foi um dos escolhidos pelo PT mineiro como referência para defender a aliança com o PSDB na capital, posteriormente vetada pelo diretório nacional do PT. Cabido conta que a disputa em BH – que elegeu o prefeito Marcio Lacerda (PSB) numa aliança informal entre os dois partidos – acabou levando a disputa à Congonhas, o que não abalou a sua parceria com o vice tucano José de Freitas Cordeiro, também reeleito. “É lógico que questão nacional está sempre de pano de fundo, uma possível candidatura do Aécio à presidente (...), mas no plano municipal, existem mais coisas que nos unem do que nos separam”, disse.
Intervenção
O apoio informal entre o PT e o PSDB que ajudou a eleger Marcio Lacerda em Belo Horizonte ainda é questionado por petistas. Parte do PT municipal entrou com um pedido de intervenção do diretório nacional da sigla na cidade, argumentando que ela reforça uma possível candidatura de Aécio Neves em 2010. “Ficou claro para o Brasil que não se tratou de um apoio informal, mas aliança. O governador, que é pré-candidato do PSDB em 2010, foi figura central do processo. Terminada a eleição, isso se agravou. Existe uma comissão de transição para formar a equipe da qual fazem parte PSB, PSDB, PPS e PT”, afirma o ex-deputado petista Rogério Correa, um dos que encabeça o movimento batizado de “Coerência Petista”. Para o presidente do PT em BH, Aloísio Marques, o pedido, que deverá ser encaminhado pelo PT nacional de volta ao diretório municipal, não deve prosperar. Segundo ele, em outras duas oportunidades durante a campanha, o PT municipal aprovou o apoio à aliança com o PSDB.
Para o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), as eleições municipais seguem “caminhos próprios” que eventualmente passam por essas coligações.
“Em princípio o PSDB nada tem contra candidatos do PT. Podemos ter contra certos candidatos que não são democratas”, disse por meio de sua assessoria. O deputado Rodrigo Maia (RJ), presidente do Democratas, diz não ver problema nas alianças porque não são “majoritárias”.
“A gente fez recomendação para não fazer, mas às vezes, a realidade local é muito mais forte do que a orientação e, na maioria das vezes, essas alianças fazem sentido”, disse. O G1 tentou falar com o PT sobre as alianças na quinta e na sexta-feira (7), mas segundo a assessoria do partido, o presidente da sigla, Ricardo Berzoini, e o secretário-geral, José Eduardo Cardoso, participavam de reuniões da Executiva Nacional.
Rivais no plano federal, o PT e os dois principais partidos de oposição no Congresso - PSDB e DEM - fizeram alianças que ajudaram a eleger neste ano 255 prefeitos.
Foram 134 da dobradinha entre PT e PSDB e outros 121 do PT com o DEM, segundo dados fornecidos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Foram 134 da dobradinha entre PT e PSDB e outros 121 do PT com o DEM, segundo dados fornecidos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
As três siglas também aparecem juntas em 139 coligações que ajudaram a eleger prefeitos de outros partidos. Embora os partidos tenham recomendado evitar as alianças com opositores no Congresso, para os recém-eleitos governantes dessas cidades, além de ajudar nas urnas, as alianças entre os partidos traria benefícios à política nacional.
“O PT do Rio tem grande proximidade com gente do PSDB. O que impede é a disputa nacional”, diz o petista Lindberg Farias, reeleito em Nova Iguaçu (RJ) em aliança com o DEM. O prefeito diz ter feito “um grande esforço” para atrair também o PSDB, que o apoiou em 2004, mas não conseguiu. Segundo Lindberg, houve um temor de que o PT nacional vetasse sua candidatura neste ano devido à aliança, o que, segundo ele, poria em risco a reeleição.
“Houve veto do apoio ao candidato do DEM em Valença [RJ], o que foi ruim porque o DEM ia apoiar o PT em cinco outros municípios. Com a postura do PT nacional, acabou inviabilizando.” Para o petista, além da "força do DEM no estado", os minutos a mais no horário eleitoral gratuito foram fundamentais. “Podíamos ter perdido eleição, deixado de conquistar espaço importante para o PT. Se o DEM não nos apoiasse, poderia apoiar nosso adversário.”
Objetivos comuns
Para o tucano Marcos Brambilla, eleito em Pirapozinho, município paulista de 24 mil habitantes, “se tirar a sigla”, PSDB e PT “são dois grupos políticos que se fundem em objetivos comuns”. Segundo o prefeito recém-eleito, o PT estadual se opôs ao acordo com o partido rival na capital, mas o diretório municipal persistiu e formalizou o apoio. Brambilla diz que o partido, que participou da elaboração do programa de governo, agora será “uma das bases da sua administração”. “O PT traz consigo não só os mesmos objetivos políticos, mas a ideologia de uma linha de política que se assemelha a nós”, disse.
Reeleito para mais quatro anos em Congonhas, a 70 km de Belo Horizonte, o petista Anderson Cabido foi um dos escolhidos pelo PT mineiro como referência para defender a aliança com o PSDB na capital, posteriormente vetada pelo diretório nacional do PT. Cabido conta que a disputa em BH – que elegeu o prefeito Marcio Lacerda (PSB) numa aliança informal entre os dois partidos – acabou levando a disputa à Congonhas, o que não abalou a sua parceria com o vice tucano José de Freitas Cordeiro, também reeleito. “É lógico que questão nacional está sempre de pano de fundo, uma possível candidatura do Aécio à presidente (...), mas no plano municipal, existem mais coisas que nos unem do que nos separam”, disse.
Intervenção
O apoio informal entre o PT e o PSDB que ajudou a eleger Marcio Lacerda em Belo Horizonte ainda é questionado por petistas. Parte do PT municipal entrou com um pedido de intervenção do diretório nacional da sigla na cidade, argumentando que ela reforça uma possível candidatura de Aécio Neves em 2010. “Ficou claro para o Brasil que não se tratou de um apoio informal, mas aliança. O governador, que é pré-candidato do PSDB em 2010, foi figura central do processo. Terminada a eleição, isso se agravou. Existe uma comissão de transição para formar a equipe da qual fazem parte PSB, PSDB, PPS e PT”, afirma o ex-deputado petista Rogério Correa, um dos que encabeça o movimento batizado de “Coerência Petista”. Para o presidente do PT em BH, Aloísio Marques, o pedido, que deverá ser encaminhado pelo PT nacional de volta ao diretório municipal, não deve prosperar. Segundo ele, em outras duas oportunidades durante a campanha, o PT municipal aprovou o apoio à aliança com o PSDB.
Para o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), as eleições municipais seguem “caminhos próprios” que eventualmente passam por essas coligações.
“Em princípio o PSDB nada tem contra candidatos do PT. Podemos ter contra certos candidatos que não são democratas”, disse por meio de sua assessoria. O deputado Rodrigo Maia (RJ), presidente do Democratas, diz não ver problema nas alianças porque não são “majoritárias”.
“A gente fez recomendação para não fazer, mas às vezes, a realidade local é muito mais forte do que a orientação e, na maioria das vezes, essas alianças fazem sentido”, disse. O G1 tentou falar com o PT sobre as alianças na quinta e na sexta-feira (7), mas segundo a assessoria do partido, o presidente da sigla, Ricardo Berzoini, e o secretário-geral, José Eduardo Cardoso, participavam de reuniões da Executiva Nacional.
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