Pular para o conteúdo principal

O PCdoB e a eleição de Barack Obama



O Comitê Central do Partido Comunista do Brasil, reunido neste último fim de semana em São Paulo, analisou a eleição de Barack Hussein Obama como 44.º presidente dos Estados Unidos, dentro de uma conjuntura de crise econômica e repúdio interno à política neoliberal, imperialista e belicosa da administração George W. Bush.


Leia abaixo a íntegra da resolução:

1 - A eleição de Barack Hussein Obama é fato positivo na conjuntura atual. Expressa um conteúdo e um sentido democráticos. Reflete uma realidade objetiva de marcadas tendências a mudanças, um clamor latente dos povos que se manifesta de diferentes formas, inclusive na batalha eleitoral de 4 de novembro que levou o senador democrata à vitória. É fenômeno que atinge profundamente a subjetividade dos negros, trabalhadores, pacifistas e lutadores pela democracia, a independência das nações e o progresso social em todo o mundo, que se sentem mais estimulados a lutar pelas verdadeiras transformações políticas, econômicas e sociais. O embate eleitoral deixou claro que nos EUA existe luta de classes, a luta entre a paz e a guerra e forças progressistas que são aliadas no combate antiimperialista dos povos. O Partido Comunista do Brasil felicita o povo e os trabalhadores dos Estados Unidos e deseja que no novo quadro que se abre adquiram capacidades de luta para a conquista de seus objetivos.


2 – A vitória de um líder negro numa eleição presidencial reveste-se de significado histórico, no quadro de uma sociedade racista, segregacionista, excludente e antidemocrática como a norte-americana. A eleição de Obama é inseparável da atual crise econômica do capitalismo. Ao entrar em sua fase aguda, ela trouxe à campanha a oposição entre os interesses de Wall Street e os do cidadão comum, o que foi decisivo para o resultado alcançado.


3 - A eleição de Barack Obama à Presidência da República dos Estados Unidos representa a derrota da política belicista, militarista e intervencionista do governo de George W. Bush. Durante os dois mandatos deste representante dos ultraconservadores, os Estados Unidos tentaram impor ao mundo a sua hegemonia pela força, realizando as chamadas guerras preventivas no Oriente Médio e transformando a sua “guerra ao terror” numa perigosa investida contra países e povos, ameaçando seus direitos e independência. George W. Bush agrediu o direito internacional e atacou o sistema multilateral, ora ignorando a Organização das Nações Unidas, ora tentando instrumentalizá-las. Em relação à América Latina, os oito anos do governo de Bush foram marcados pela intensificação do bloqueio a Cuba e pelos intentos de desestabilização de governos democráticos e populares. No plano econômico, a política dos Republicanos foi marcada pelo protecionismo e pela adoção de políticas nefastas e de efeitos devastadores para os trabalhadores estadunidenses, assim como para os trabalhadores e povos de todo o mundo. Bush também golpeou os direitos civis e estimulou o obscurantismo.


4 – O PCdoB, entretanto, não acalenta ilusões quanto à natureza do sistema imperialista nem quanto à possibilidade de mudá-lo através do caminho da alternância entre Republicanos e Democratas no governo. O novo presidente foi eleito no quadro de um sistema de poder antidemocrático e imperialista, o poder das transnacionais, do capital financeiro, da indústria de guerra. Assinalamos, também -- diante da crise da hegemonia do imperialismo norte-americano -- que poderosos interesses alimentam as tendências agressivas desse imperialismo quando se trata de fazer valer seus objetivos estratégicos. A eleição de Obama desencadeou uma campanha midiática que tenta passar a falsa idéia de que ela assegura um reposicionamento de sentido progressista do imperialismo norte-americano no quadro internacional. As classes dominantes estadunidenses vão tentar aproveitar a nova situação criada para, uma vez mais, reconfigurar seu projeto de dominação, procurando recuperar a imagem, desgastada e desmoralizada, do imperialismo norte-americano.

São Paulo, 9 de novembro de 2008



O Comitê Central do Partido Comunista do Brasil

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Os Farrapos dos olhos azuis

Cláudio Ribeiro - Demitri Túlio, do Jornal O Povo, de Fortaleza A íris clara, azulzíssima em muitos deles, é a digital do povo Farrapo. Também é da identidade a pele branca avermelhada, carimbada pelo sol forte que não cessa em Sobral. Isso mais entre os que vivem na zona rural. Gostam de exaltar o sobrenome. É forte. Farrapo não é apelido. Não são uma etnia, mas são tratados assim. São “da raça dos Farrapos”, como nos disse quem os indicou a procurá-los. Os Farrapos têm história a ser contada. Praticaram a endogamia por muito tempo. Casamentos em família, entre primos, mais gente do olho azul de céu que foi nascendo e esticando a linhagem. Sempre gostaram de negociar, trocar coisa velha. São um pouco reclusos. Vivem sob reminiscências de judaísmo. Há estudo disso, mas muito ainda a ser (re)descoberto. Os Farrapos são citados, por exemplo, no livro do padre João Mendes Lira, Presença dos Judeus em Sobral e Circunvizinhanças e a Dinamização da Economia Sobralense em Função do Capital Ju...

Erros judiciários: Caso Mignonette - Estado de necessidade

A 5 de Julho de 1884 naufragou o iate inglês La Mignonette. Depois de vários dias no mar, o imediato, que era o mais jovem de todos, foi morto pelos companheiros, que mais tarde alegaram estado de necessidade perante o júri. Sustentaram que não teriam sobrevivido caso não se utilizassem do cadáver para matar a fome. O júri deu um "veredicto especial", reconhecendo apenas a matéria de fato, mas deixando a questão jurídica para que a corte superior decidisse. Lord Coleridge, um dos juízes superiores, disse, entre outras considerações, o seguinte: Conservar a própria vida é, falando em geral, um dever: mas sacrificá-la pode ser o mais claro e alto dever. A necessidade moral impõe deveres dirigidos não à conservação mas ao sacrifício da sua vida pelos outros. Não é justo dizer que há uma incondicionada e ilimitada necessidade de conservar a própria vida. Necesse est ut eam, non ut viram (é necessário que eu caminhe, não que eu viva) disse Lord Bacon. Quem deve julgar o estado de ...

Astronomia: Milhares de cometas escuros podem colidir com a Terra

Da Lusa - Agência de Notícias de Portugal Londres, (Lusa) - Milhares de cometas que circulam no sistema solar podem ser um perigo para a Terra, por serem indetectáveis, o que dificulta a antecipação de um eventual impacto, alertaram quarta-feira vários astrónomos britânicos. São cerca de três mil os cometas que circulam no sistema solar e apenas 25 podem ser avistados a partir da Terra, lê-se no artigo da revista "New Scientist", assinado por Bill Napier, da Universidade de Cardiff, e por David Asher, astrónomo do Observatório da Irlanda do Norte. "Devemos alertar para o perigo invisível mas significativo que são os cometas escuros", dizem os astronómos, explicando que um cometa fica escuro quando perde a cola brilhante. Desprovido desta substância, "o trajecto de um cometa que esteja em rota de colisão com o planeta Terra pode passar despercebido ao telescópio", afirmam Napier e Asher. Nos últimos séculos, o cometa de que há registo de ter passado mais pr...