Pular para o conteúdo principal

Juiz do Acre vem a MT conhecer o Projeto Justiça Terapêutica


Redação 24HorasNews - MT


Dentre os vários projetos desenvolvidos pelo Poder Judiciário de Mato Grosso, O Justiça Terapêutica tem conseguido reconhecimento por outros tribunais brasileiros e pode servir de modelo para a instalação em outros Estados. Nesta segunda-feira (12/1) o juiz Élcio Sabo Mendes, da Vara de Delitos de Tóxicos e Acidentes de Trânsito do Tribunal de Justiça do Acre, visitou o Juizado Especial Criminal da Comarca de Cuiabá para conhecer o trabalho realizado em Mato Grosso mais de perto. A intenção do magistrado do TJ-AC é propor à instituição daquele Estado a instalação de um projeto semelhante.

Segundo o juiz titular do Juizado Especial Criminal de Cuiabá, Mário Roberto Kono de Oliveira, após conhecer detalhes e procedimentos adotados junto aos infratores dependentes químicos, o juiz Élcio Mendes elogiou a iniciativa de Mato Grosso em manter um programa de grande alcance social, que se preocupa, principalmente, com a reinserção social, a adoção de estratégias diferenciadas para essa reinserção e a definição de projeto terapêutico individualizado. Dados oficiais apontam que, por meio da Justiça Terapêutica, a reinserção social chega a cerca de 50% dos dependentes químicos que cometeram infrações e são acompanhados pelo magistrado e sua equipe.

No fim da visita, o juiz Élcio Sabo Mendes levou formulários, material de apoio adotados pelo Justiça Terapêutica em Cuiabá. Ficou acordado que, caso seja aprovada a implantação do projeto pelo Tribunal de Justiça do Acre, o juiz Mário Kono deverá ir àquele Estado proferir palestra para representantes de várias entidades que trabalham na recuperação de dependentes químicos na capital Rio Branco. O TJ-AC começou a discutir a implantação do serviço em dezembro do ano passado.

Atuação e resultados positivos – O programa Justiça Terapêutica visa à prevenção de infrações cuja raiz é o uso e abuso de drogas lícitas e ilícitas, bem como a promoção do bem-estar físico e mental e da segurança dos indivíduos que nelas se envolveram. Outro ponto importante da atuação da Justiça Terapêutica é quanto ao incentivo de políticas públicas de saúde, sensibilização e conscientização da sociedade em geral para o direito à cidadania. A iniciativa busca identificar as causas dos problemas e impõe tratamento e acompanhamento psicossocial ao agressor. Os tratamentos, normalmente, são realizados com o apoio de instituições ou entidades como Alcoólicos Anônimos, Neuróticos Anônimos, Grupo Amor Exigente, Casa de Amparo, Centro de Atendimentos Psicossociais a Álcool e Drogas (CAPS-AD), entre outros.

Idealizador e responsável pela implantação do projeto em Mato Grosso, o juiz Mário Kono de Oliveira ressalta que é preciso tratar as origens do problema para que os dependentes não se tornem criminosos no futuro. “Temos de tratar o jovem e o pai de família enquanto é tempo. Resolver problemas e não apenas processos, que servem mais como estatísticas”, afirmou.

Seis anos depois de implementado, o programa apresenta índices de recuperação animadores, em torno de 65%, bem mais alto que números de países como Canadá, onde o índice chega a 32%, conforme o magistrado. É desenvolvido pelo Núcleo Psicossocial Forense (NUPS) do Juizado Especial Criminal Unificado de Cuiabá, que agrega profissionais das áreas de Psicologia e Serviço social, desenvolvendo um trabalho interdisciplinar, com o objetivo de subsidiar o magistrado e os operadores de Direito.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Astronomia: Milhares de cometas escuros podem colidir com a Terra

Da Lusa - Agência de Notícias de Portugal Londres, (Lusa) - Milhares de cometas que circulam no sistema solar podem ser um perigo para a Terra, por serem indetectáveis, o que dificulta a antecipação de um eventual impacto, alertaram quarta-feira vários astrónomos britânicos. São cerca de três mil os cometas que circulam no sistema solar e apenas 25 podem ser avistados a partir da Terra, lê-se no artigo da revista "New Scientist", assinado por Bill Napier, da Universidade de Cardiff, e por David Asher, astrónomo do Observatório da Irlanda do Norte. "Devemos alertar para o perigo invisível mas significativo que são os cometas escuros", dizem os astronómos, explicando que um cometa fica escuro quando perde a cola brilhante. Desprovido desta substância, "o trajecto de um cometa que esteja em rota de colisão com o planeta Terra pode passar despercebido ao telescópio", afirmam Napier e Asher. Nos últimos séculos, o cometa de que há registo de ter passado mais pr

Os Farrapos dos olhos azuis

Cláudio Ribeiro - Demitri Túlio, do Jornal O Povo, de Fortaleza A íris clara, azulzíssima em muitos deles, é a digital do povo Farrapo. Também é da identidade a pele branca avermelhada, carimbada pelo sol forte que não cessa em Sobral. Isso mais entre os que vivem na zona rural. Gostam de exaltar o sobrenome. É forte. Farrapo não é apelido. Não são uma etnia, mas são tratados assim. São “da raça dos Farrapos”, como nos disse quem os indicou a procurá-los. Os Farrapos têm história a ser contada. Praticaram a endogamia por muito tempo. Casamentos em família, entre primos, mais gente do olho azul de céu que foi nascendo e esticando a linhagem. Sempre gostaram de negociar, trocar coisa velha. São um pouco reclusos. Vivem sob reminiscências de judaísmo. Há estudo disso, mas muito ainda a ser (re)descoberto. Os Farrapos são citados, por exemplo, no livro do padre João Mendes Lira, Presença dos Judeus em Sobral e Circunvizinhanças e a Dinamização da Economia Sobralense em Função do Capital Ju

Erros judiciários: Caso Mignonette - Estado de necessidade

A 5 de Julho de 1884 naufragou o iate inglês La Mignonette. Depois de vários dias no mar, o imediato, que era o mais jovem de todos, foi morto pelos companheiros, que mais tarde alegaram estado de necessidade perante o júri. Sustentaram que não teriam sobrevivido caso não se utilizassem do cadáver para matar a fome. O júri deu um "veredicto especial", reconhecendo apenas a matéria de fato, mas deixando a questão jurídica para que a corte superior decidisse. Lord Coleridge, um dos juízes superiores, disse, entre outras considerações, o seguinte: Conservar a própria vida é, falando em geral, um dever: mas sacrificá-la pode ser o mais claro e alto dever. A necessidade moral impõe deveres dirigidos não à conservação mas ao sacrifício da sua vida pelos outros. Não é justo dizer que há uma incondicionada e ilimitada necessidade de conservar a própria vida. Necesse est ut eam, non ut viram (é necessário que eu caminhe, não que eu viva) disse Lord Bacon. Quem deve julgar o estado de