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Lula volta das férias e discute quadro eleitoral no Senado

Cida Fontes e Tânia Monteiro, do Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - Depois de quase duas semanas em férias, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva retoma sua agenda política em Brasília e pode se reunir nesta segunda, 12, com o senador José Sarney (PMDB-AP) para definir o quadro eleitoral no Senado. A expectativa de aliados do senador é de que, nesse encontro reservado, ele finalmente confirme a Lula o desejo de retornar ao comando da Casa a partir do dia 2 de fevereiro. Com uma condição: desde que seu nome seja consenso entre os partidos e tenha a benção do próprio Lula.

O resultado dessa conversa será decisivo para que, amanhã, em reunião com os ministros da coordenação política do governo, o presidente possa traçar a estratégia a ser adotada pelo Planalto nos próximos 20 dias, que antecedem as eleições dos presidentes da Câmara e Senado. Lula quer evitar uma nova crise no Congresso por causa de disputa nas eleições das duas Casas.

Na reunião da coordenação, o presidente quer ainda avaliar os impactos da crise econômica no País, como o aumento do desemprego e o desempenho negativo da indústria. Outra preocupação de são as altas taxas de juros. Lula gostaria que elas fossem reduzidas na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), para diminuir a pressão sobre o governo.

A reunião com Sarney pode ocorrer depois que o presidente voltar de São Paulo, onde participa da abertura da Couro Moda. O presidente do PMDB e candidato do partido ao comando da Câmara, deputado Michel Temer (SP), sugeriu a Lula que o encontro com Sarney fosse reservado. Na sua avaliação, a situação do Senado precisa ser discutida apenas entre Sarney e Lula.

"O ex-presidente está acima dos partidos", resumiu o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Um encontro da cúpula do PMDB com o presidente poderá até acontecer na quarta-feira, mas até agora o Planalto não fez nenhum convite ao partido. Temer disse que o quadro eleitoral da Câmara está equacionado e ressaltou não acreditar que uma eventual candidatura de Sarney fragilize sua posição.

"Não tenho esta preocupação. A eleição da Câmara está inteiramente desvinculada da disputa no Senado", afirmou Temer. Ele conta com o apoio formal de 12 partidos e ainda deve receber a adesão do PDT, que pode antecipar amanhã sua intenção de abandonar o chamado bloquinho (PSB, PDT, PC do B, PMN e PRB), que tem reunião marcada em Brasília. No próximo dia 21, a bancada pedetista deve selar oficialmente sua posição, o que enfraquecerá o nome do deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), escolhido pelo bloquinho para a disputar a presidência da Câmara.

Na conversa com Lula, Sarney deve traçar um quadro positivo das sondagens feitas entre a base aliada e a oposição. O maior obstáculo é o PT, que lançou o senador Tião Viana (AC). Os aliados de Sarney não acreditam em rebelião de senadores petistas: "O PT tem interesse na normalidade política do País", disse um ministro do PMDB. Nesse caso, a expectativa é que Lula compense Tião Viana com um cargo de destaque e o Ministério da Saúde já foi cogitado.

Outro empecilho a remover é o atual presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), que se lançou à reeleição. A oposição argumenta que sua eventual reeleição poderá ser questionada na Justiça, trazendo crise política. A oposição, por sua vez, estranha o fato de Lula não ter rebatido até agora a candidatura de Garibaldi, que inclusive prega a independência do Legislativo.

Segundo senadores do DEM, a eventual reeleição de Garibaldi vai desgastar o Congresso e dar argumentos favoráveis ao terceiro mandato do Presidente da República. Se for reconduzido, Garibaldi poderia se reeleger em 2011, quando começa uma nova legislatura. Para a oposição, Lula teria aí um argumento forte: usar o exemplo de Garibaldi e atribuir a iniciativa do terceiro mandato ao próprio Congresso.

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