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No Planalto, entra em cena ‘Dilminha, paz e amor’


Último Segundo


A crise financeira pouco alterou o discurso otimista do governo. O 5º balanço sobre as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), ontem no Palácio do Planalto, repetiu projeções positivas e até a estimativa de crescimento de 4,5% do PIB em 2009. As únicas mudanças visíveis foram o visual e o comportamento da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.

Saiu o "Dilmão", como ela é chamada por técnicos irritados do governo, e entrou em cena a "Dilminha". "A ministra veio hoje com um novo estilo de penteado, com certeza todos repararam, e essa jaqueta primaveril", comentou em público o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. "Ficou muito bem, Dilminha!"

Fora dos holofotes desde o agravamento da crise financeira, a pré-candidata do PT à sucessão de 2010 deixou claro que estava levando a sério as lições dos marqueteiros. "Obrigada, Paulinho", respondeu. Era a volta da ministra a eventos no Planalto depois de uma série de viagens para ajudar, sem sucesso, petistas que disputaram o segundo turno em capitais como Porto Alegre (Maria do Rosário) e Salvador (Walter Pinheiro).

Quem também teve tratamento diferente na solenidade de ontem foi o técnico que exibiu as projeções no telão. Durante duas horas de apresentação de planilhas e dados do PAC, Dilma em nenhum momento deu alfinetadas no técnico nem repreendeu colegas ministros, como costumava fazer anteriormente.

A ministra na versão "Dilminha, paz e amor", como ironizaram assessores do governo, fez uma palestra pausada e demonstrou paciência inclusive para explicar jargões técnicos.Ela não economizou sorrisos, gentilezas e palavras no diminutivo.

"Por favor, dê uma rodadinha", disse ao pedir a troca de projeções na tela. A ministra só não cedeu no tempo. Passou duas horas explicando números e apresentando tabelas. Os ministros José Antonio Toffoli (Advocacia Geral da União), Pedro Brito (Portos), Paulo Bernardo (Planejamento) e Geddel Vieira Lima (Integração) não agüentaram e deram escapulidas para bater papo enquanto Dilma continuava a falar.

O novo estilo da ministra surtiu efeito num setor em específico. O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Paulo Simão, chegou à solenidade com críticas à postura do governo em relação ao setor.

Ao vê-lo na platéia, Dilma o chamou de "grande parceiro" e fez elogios públicos ao empresário. Logo depois, Simões deu entrevistas mais brandas.

Só em um momento a ministra deixou de lado as lições dos marqueteiros. Foi quando um repórter comentou que as obras do PAC tinham sido atingidas pela crise. Ela deu uma gargalhada, visivelmente irritada. Depois, tomou um copo de água e tentou dar uma outra versão, esbanjando otimismo e uma simpatia que nem mesmo pessoas mais próximas tinham visto. Chegou a demonstrar humildade ao falar das obras paralisadas dos aeroportos.

"Não escondemos que esse problema existe", disse.

Na saída do Salão Leste do Palácio do Planalto, onde foi apresentado o balanço do PAC, Dilma voltou a sorrir. Em vez de rebater perguntas, como fazia antes, dava um sorriso e negava se limitando a gestos de mãos e boca. Não quis comentar sobre uma declaração do senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), de que o governo não iria eleger "um poste" e se ainda era candidata à Presidência mesmo com a crise financeira. Só sorriu.

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