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Instituições oficiais dão R$ 8 bi para o Madeira

Usina hidrelétrica de Santo Antônio, uma das principais obras do PAC, terá financiamento do BNDES, da Caixa Econômica Federal e do FNO

Estadão - Jacqueline Farid, RIO


Empréstimos concedidos por três instituições financeiras ligadas ao governo federal e que totalizam R$ 8 bilhões vão garantir a execução e o cronograma do projeto da usina hidrelétrica Santo Antônio, que faz parte do complexo do Rio Madeira, o principal empreendimento previsto pelo Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) na área de energia.

Ontem, o BNDES anunciou financiamento de R$ 6,1 bilhões para o empreendimento, o maior volume para um único projeto já concedido na história do banco.

O diretor financeiro da Santo Antônio Energia (Saesa), subsidiária integral da Madeira Energia S.A (Mesa), Rogério Ibrahim, explica que outro financiamento, de cerca de R$ 1,5 bilhão, está sendo concedido pela Caixa Econômica Federal, através do seu Fundo de Investimento em Infra-estrutura (vinculado ao FGTS) e um empréstimo de R$ 503 milhões virá do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO), gerido pelo Banco da Amazônia.

O investimento total na usina gira em torno de R$ 10 bilhões. Segundo Ibrahim, não haverá necessidade de novos empréstimos para cumprir o cronograma. A geração de energia na usina terá início em maio de 2012.

O diretor financeiro desmentiu categoricamente notícias veiculadas ontem na imprensa de que bancos estariam fugindo dos projetos hidrelétricos do complexo. Ele argumenta que os quatro bancos que desenvolveram o projeto financeiro do empreendimento - Banco do Brasil, Santander, Unibanco e Bradesco - mantêm a sua participação e serão, junto com quatro outras instituições, os agentes financeiros do empréstimo do BNDES.

Ibrahim admite que a crise provocou efeito financeiro no projeto, concentrado nos spreads (ganho dos bancos sobre operação de empréstimo). Segundo ele, "os spreads para os financiamentos são maiores do que os esperados há um ano, mas isso não compromete em nada a execução do projeto e o cronograma".

INTERESSE

Ainda ontem, o ministro interino das Minas e Energia, Márcio Zimermmann, comentou os rumores, afirmando desconhecer o desinteresse dos bancos pelo projeto. "Pelo contrário, só tenho notícias boas sobre os projetos, como a edição da MP 450, que permitiu que as estatais apresentassem garantias para participar dos consórcios", afirmou. "E o grande financiador dos projetos é o BNDES'', acrescentou.

A hidrelétrica Santo Antônio compõe, junto com a usina de Jirau, o complexo do rio Madeira, que está sendo instalado em Porto Velho, no Estado de Rondônia. O financiamento do BNDES foi concedido para a Santo Antônio Energia, formada pelas empresas Odebrecht, Furnas, Andrade Gutierrez, Cemig e um Fundo de Participações (FIP), que tem como cotistas os bancos Santander e Banif.

O empréstimo foi divulgado em nota pelo BNDES, na qual a instituição justifica que "a construção da usina de Santo Antônio é um projeto prioritário para o governo federal e vital para assegurar o abastecimento de energia elétrica do País, em especial a partir de 2012". De acordo com o banco, as condições definidas no financiamento contribuíram para a modicidade tarifária do empreendimento, já que permitiu deságio no leilão da concessão do Madeira, realizado no ano passado, da ordem de 35%.

O banco já tinha manifestado a disposição de financiar o projeto desde o leilão do Madeira, em dezembro do ano passado. O BNDES explicou na nota que 50% do financiamento serão liberados diretamente pelo banco e a outra metade por meio dos agentes financeiros (Santander, Bradesco, Unibanco, BES Investimento do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Banco do Nordeste, Banco da Amazônia).

O valor aprovado pelo banco para a construção de Santo Antônio foi definido a partir da estrutura financeira escolhida pela própria empresa, que foi a de project finance (operação na qual a receita do projeto é a garantia do empréstimo).

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