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Planilha de Sarney inclui até voto do PT e do PCdoB

Josias de Souza

O voto, por secreto, não é admitido por todos os senadores

Candidato derrotado do PT à presidência do Senado, Tião Viana (AC) obteve 32 votos. Nove a menos do que precisava para mudar a crônica da eleição.

A planilha de votos do alto comando da vitoriosa campanha de José Sarney (PMDB-AP) indica que Tião foi apunhalado por Silvérios de aparência insuspeita.

Numa sessão à qual compareceram todos os 81 senadores, quem obtivesse 41 votos estaria eleito. Sarney amealhou 49.

O blog teve acesso ao mapa de votação elaborado pelo comando da campanha de Sarney. O voto foi secreto. Nem todos os senadores revelam a opção que fizeram.

Portanto, o repórter não pode atestar a fidelidade da lista. Afirma apenas que ela retrata a aferição feita pela equipe de Sarney.

A relação contém nomes surpreendentes. Um exemplo: Delcídio Amaral (PT-MS). Outro: Inácio Arruda (PCdoB-CE).

A suposta traição de um petista era coisa inimaginável nos arredores da campanha de Tião.

Agora, o petismo mostra-se surpreso com o interesse do PMDB em acomodar Delcídio na segunda vice-presidência do Senado.

Quanto ao comunista Inácio, sabia-se que flertava com Sarney. Mas Renato Rabelo, presidente do PCdoB, dissera a líderes do PT que ele votaria em Tião.

O quadro com os supostos votos de Sarney anota também os nomes de dois senadores do PSDB: Papaleo Paes (AP) e Marconi Perillo (GO).

A traição de Papaleo, por anunciada, era previsível. A de Perillo, nem tanto. Apostava-se muito mais noutra infidelidade tucana, a de Álvaro Dias (PR), que não se materializou.

Sarney teria amealhado também os sete votos do PTB. Tião esperava colecionar pelo menos três: João Claudino (RR), Mozarildo Cavalcanti (RR) e Sérgio Zambiazi (RR).

No PR, Sarney teria feito, segundo a planilha de sua equipe, outro arrastão: levou todos os quatro votos da bancada.

Exceto por Magno Malta (ES), fechado com Sarney desde sempre, Tião esperava que os outros senadores do PR fossem atraídos pelo ministro Alfredo Nascimento (Transportes).

Filiado ao PR, Nascimento chegou a reunir a bancada no domingo (1), véspera da eleição.

Antes, Renan Calheiros acenara com a hipótese de entregar à legenda do ministro a quarta secretaria do Senado. Parece ter soado mais sedutor.

No PMDB, a equipe de Sarney contabilizou duas escassas baixas. Dos 20 senadores, apenas Jarbas Vasconcelos (PE) e Pedro Simon (RS) teriam votado em Tião.

No DEM, Tião esperava beliscar ao menos dois votos: Jayme Campos (MT) e Adelmir Santana (DF). Apertada pelo líder José Agripino Maia (RN), a dupla refluiu.

Vão abaixo os nomes dos supostos eleitores de Sarney:

PMDB (18 votos): Almeida Lima (PB), Garibaldi Alves (RN), Geraldo Mesquita (AC), Gerson Camata (ES), Gilvam Borges (AP), José Maranhão (PB), José Sarney (AP), Leomar Quintanilha (TO), Lobão Filho (MA), Mão Santa (PI), Neuto de Conto (SC), Paulo Duque (RJ), Renan Calheiros (AL), Romero Jucá (RR), Rosena Sarney (MA), Valdir Raupp (RO), Valter Pereira (MS) e Wellington Salgado (MG).

DEM (14 votos): Adelmir Santana (DF), ACM Jr. (BA), Demóstenes Torres (GO), Efraim Morais (PB), Eliseu Resende (MG), Gilberto Goellner (MT), Heráclito Fortes (PI), Jayme Campos (MT), José Agripino Maia (RN), Kátia Abreu (TO), Marco Maicel (PE), Maria do Carmo (SE), Raimundo Colombo (SC) e Rosalba Ciarlini (RN).

PC do B (um voto): Inácio Arruda (CE).

PP (um voto): Francisco Dornelles (RJ);

PR (quatro votos): César Borges (BA), Expedito Jr. (RO), João Ribeiro (TO), Magno Malta (ES).

PSB: (um voto): Antonio Carlos Valadares (SE).

PSDB (dois votos): Papaleo Paes (AP) e Marconi Perillo (GO).

PT (um voto): Delcídio Amaral (MS).

PTB: (sete votos): Epitácio Cafeteira (MA), Fernando Collor (AL), Gim Argello (DF), João Claudino (RR), Mozarildo Cavalcanti (RR), Romeu Tuma (SP) e Sérgio Zambiazi (RS).

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