Fonte: Ciência Hoje
Poeira e fuligem afetam a saúde da população no Acre.
A degradação da floresta está longe de ser a única conseqüência das queimadas na Amazônia. Essa atividade tem um profundo impacto sobre a saúde dos habitantes da região, como mostra um estudo da Universidade Federal do Acre (Ufac) que monitorou o efeito das queimadas sobre a população de baixa renda em Rio Branco, capital do estado. Os resultados são alarmantes: dentre os indivíduos analisados pelos pesquisadores, 90% apresentavam doenças respiratórias ou oculares.
A poeira e a fuligem produzidas pelas queimadas prejudicam a saúde humana, principalmente a da população de baixa renda e de idosos e crianças (foto: Univ. de Lancaster).
O impacto sobre a saúde humana se deve à poeira e à fuligem produzidas pelas queimadas. Essas partículas suspensas no ar, especialmente as que podem passar através dos pêlos do nariz, chegam até os pulmões e causam uma série de doenças respiratórias, como asma e bronquite. A poeira também irrita as mucosas dos olhos, que ficam constantemente avermelhados.
Durante a grande seca que atingiu a Amazônia em 2005, a poluição do ar no Acre chegou a níveis seis vezes maiores que os permitidos pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), segundo o monitoramento feito pela Ufac desde 2000.
“O agravante é que as normas de concentração de poluição atmosférica no Brasil já apresentam valores muito mais elevados que os internacionais”, alerta o físico Alejandro Fonseca Duarte, líder da pesquisa. Enquanto no Brasil são permitidos 150 µg (10 -6 gramas) de material particulado por metro cúbico de ar em um dia, a concentração tolerada pela Organização Mundial da Saúde representa um terço desse valor.
Para entender os efeitos das queimadas sobre a população, a equipe de Duarte entrevistou 50 famílias que procuraram os postos de saúde das regiões periféricas de Rio Branco durante a seca de 2005. Os resultados foram publicados na Revista Cubana de Salud Pública. “Constatamos um total de 90% de afetados por infecções respiratórias e oculares”, conta Duarte. Estima-se que mais da metade da população de Rio Branco buscou postos de saúde entre agosto e setembro de 2005. O horário de atendimento diário teve que ser estendido até as 22 horas.
População pobre sofre mais
Embora toda a população do Acre seja afetada pela poluição do ar, os efeitos são mais catastróficos para as famílias mais pobres, além de idosos e crianças. “As pessoas com melhor nível econômico possuem ar condicionado em casa e, com isso, um ar mais purificado, além da garantia de um atendimento médico de qualidade”, ressalta Duarte. “Elas também se alimentam melhor desde a infância e têm melhores condições de apresentar maior resistência a qualquer impacto.”
Já a população pobre tem pouca escolaridade, baixos salários e más condições de moradia. Nas 50 famílias investigadas, 70% de seus chefes têm renda de até dois salários mínimos, 16% são analfabetos e somente 4% completaram o ensino superior.
Duarte lembra que o período da seca, de junho a setembro, agrava o impacto das queimadas na Amazônia, um problema crônico na região – elas são feitas tanto para limpar o terreno a ser cultivado quanto para dar origem a pastos. “O ambiente seco é mais propício para o alastramento das queimadas”, afirma o físico.
Embora a seca de 2005 tenha registrado recordes de poluição e atendimentos médicos por doenças relacionadas às queimadas, o problema é sentido todos os anos. “Neste ano, o período mais crítico, entre agosto e setembro, ainda não chegou e a situação aparentemente é de menos riscos de queimadas”, afirma Duarte. “Enquanto isso, é preciso combater as queimadas urbanas, provocadas pela queima do lixo e de terrenos baldios. Elas representam uma parcela menor do problema, mas são significativas e podem ser evitadas”.
A poeira e a fuligem produzidas pelas queimadas prejudicam a saúde humana, principalmente a da população de baixa renda e de idosos e crianças (foto: Univ. de Lancaster).
O impacto sobre a saúde humana se deve à poeira e à fuligem produzidas pelas queimadas. Essas partículas suspensas no ar, especialmente as que podem passar através dos pêlos do nariz, chegam até os pulmões e causam uma série de doenças respiratórias, como asma e bronquite. A poeira também irrita as mucosas dos olhos, que ficam constantemente avermelhados.
Durante a grande seca que atingiu a Amazônia em 2005, a poluição do ar no Acre chegou a níveis seis vezes maiores que os permitidos pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), segundo o monitoramento feito pela Ufac desde 2000.
“O agravante é que as normas de concentração de poluição atmosférica no Brasil já apresentam valores muito mais elevados que os internacionais”, alerta o físico Alejandro Fonseca Duarte, líder da pesquisa. Enquanto no Brasil são permitidos 150 µg (10 -6 gramas) de material particulado por metro cúbico de ar em um dia, a concentração tolerada pela Organização Mundial da Saúde representa um terço desse valor.
Para entender os efeitos das queimadas sobre a população, a equipe de Duarte entrevistou 50 famílias que procuraram os postos de saúde das regiões periféricas de Rio Branco durante a seca de 2005. Os resultados foram publicados na Revista Cubana de Salud Pública. “Constatamos um total de 90% de afetados por infecções respiratórias e oculares”, conta Duarte. Estima-se que mais da metade da população de Rio Branco buscou postos de saúde entre agosto e setembro de 2005. O horário de atendimento diário teve que ser estendido até as 22 horas.
População pobre sofre mais
Embora toda a população do Acre seja afetada pela poluição do ar, os efeitos são mais catastróficos para as famílias mais pobres, além de idosos e crianças. “As pessoas com melhor nível econômico possuem ar condicionado em casa e, com isso, um ar mais purificado, além da garantia de um atendimento médico de qualidade”, ressalta Duarte. “Elas também se alimentam melhor desde a infância e têm melhores condições de apresentar maior resistência a qualquer impacto.”
Já a população pobre tem pouca escolaridade, baixos salários e más condições de moradia. Nas 50 famílias investigadas, 70% de seus chefes têm renda de até dois salários mínimos, 16% são analfabetos e somente 4% completaram o ensino superior.
Duarte lembra que o período da seca, de junho a setembro, agrava o impacto das queimadas na Amazônia, um problema crônico na região – elas são feitas tanto para limpar o terreno a ser cultivado quanto para dar origem a pastos. “O ambiente seco é mais propício para o alastramento das queimadas”, afirma o físico.
Embora a seca de 2005 tenha registrado recordes de poluição e atendimentos médicos por doenças relacionadas às queimadas, o problema é sentido todos os anos. “Neste ano, o período mais crítico, entre agosto e setembro, ainda não chegou e a situação aparentemente é de menos riscos de queimadas”, afirma Duarte. “Enquanto isso, é preciso combater as queimadas urbanas, provocadas pela queima do lixo e de terrenos baldios. Elas representam uma parcela menor do problema, mas são significativas e podem ser evitadas”.
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