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Sem PSDB, conta de Sarney anota folga de 5 votos


Pela contabilidade de Tião, faltam 3 votos para a vitória

Josias de Souza

A adesão do PSDB à candidatura de Tião Viana (PT-AC) levou o comando da campanha de José Sarney (PMDB-AP) a se debruçar sobre a máquina de calcular.

Os senadores são contados em 81. Bastam 41 para eleger o presidente. Antes do gesto do tucanato, o time de Sarney estimava que ele prevaleceria sobre Tião com cerca de 55 votos.

Refeitas as contas, estima-se agora que, mesmo sem o suporte do tucanato, Sarney ainda dispõe de pelo menos 46 votos –cinco além do necessário.

Se as contas da tropa de Sarney estiverem corretas, Tião Viana colecionaria no plenário apenas 35 votos, já computados os tucanos.

Mas a contabilidade de Tião não bate com a de Sarney. O candidato do PT, tido como morto no início da semana, exibia na noite passada ânimo renovado.

Em privado, Tião dizia aos correligionários que, tonificada pelo PSDB, sua planilha de votos somava 38 senadores –três aquém do que necessita.

Como sói em períodos pré-eleitorais, somando-se os votos que Sarney imagina ter com os votos que Tião acha que terá chega-se a um número implausível.

Senão vejamos: 46 de Sarney + 38 de Tião = 84 votos. Como só há 81 senadores, estão sobrando na soma três eleitores. Alguém mente. Ou se ilude.

De concreto, tem-se apenas a constatação de que o movimento do PSDB produziu um notável estreitamento da diferença que separa Tião Viana de José Sarney.


Por ora, é possível dizer: 1) Tião livrou-se da derrota por goleada; 2) O petista tem até domingo (1) para virar os votos que lhe faltam –três, pelas suas contas; seis, pela aferição de Sarney.

Parece pouco. Mas não é coisa fácil de se obter em três dias. A eleição está marcada para a próxima segunda-feira (2), às 10h.

Na reunião em que o PSDB decidiu migrar de Sarney para Tião, o tucano Tasso Jereissati (CE) fez uma previsão aos colegas Arthur Virgílio (AM) e Sérgio Guerra (PE).

Tasso disse que, submetido a uma contabilidade apertada, Sarney desistiria de concorrer à presidência do Senado até domingo (1).

Em seus diálogos privados, um redivivo Tião Viana fazia a mesma aposta. Afirmava que seu rival não jogaria a biografia numa eleição de resultado incerto.

O blog ouviu na noite passada dois integrantes do alto comando de Sarney. Riram-se do vaticínio de Tasso e de Tião. Disseram que Sarney irá, sim, à sorte dos votos.

Brasília terá um final de semana elétrico. Coordenador da própria candidatura, Tião Viana, em contato com os colegas, leva sua lábia às raias do paroxismo.

A partir deste sábado (31), Tião vai dispor da ajuda de Jarbas Vasconcelos (PE). Dissidente do PMDB, Jarbas virá do Recife para Brasília. Só para auxiliar o petista.

Aparentemente avesso à idéia de renúncia insinuada nas predições de Tasso e de Tião, Sarney terceirizou a tarefa de cabalar votos.

Serve-se dos bons préstimos da filha, Rosena Sarney (PMDB-MA), e do ex-quase-senador-cassado Renan Calheiros (PMDB-AL).

Reconduzido à liderança do PMDB, Renan tornou-se uma espécie de centro-avante da candidatura Sarney. Tião Viana lhe inspira os instintos mais primitivos.

De volta à vitrine, Renan fará o que for necessário para impor um revés a Tião. O jogo, que parecia jogado, ganhou nova dinâmica na noite passada.

Rifado por Lula, o petista Tião Viana foi como que ressuscitado –suprema ironia!— pelo PSDB, adversário potencial do petismo e do Planalto na sucessão de 2010.

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