Pular para o conteúdo principal

Desafios de prefeitos são preocupantes diante da crise mundial

Paula Laboissière, da Agência Brasil

Brasília - Os desafios a serem encarados pelos prefeitos vencedores nas eleições municipais deste ano são “bastante preocupantes” diante da possibilidade de reflexos da crise financeira mundial na economia brasileira – sobretudo na arrecadação de tributos e no repasse de recursos aos municípios. A avaliação é do presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski.“Estamos no limiar de uma crise mundial e não sabemos qual impacto vamos ter na economia brasileira. Algumas questões já nos apontam uma situação muito difícil para os novos gestores”, afirmou, em entrevista à Agência Brasil.Ziulkoski lembrou que o maior tributo do país, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) chegou, no ano passado, a R$ 200 bilhões e que 25% ou R$ 50 bilhões retornaram aos municípios. Também o Fundo de Participação dos Municípios transferiu, segundo ele, 23,5% do total arrecadado em 2007 pela União aos municípios – R$ 40 bilhões. “Essas duas fontes de financiamento das políticas públicas atingem praticamente a metade de toda a arrecadação dos municípios”, disse.Em seguida, segundo Ziulkoski, está o Imposto Sobre Serviços (ISS) que, no ano passado, somou R$ 19,5 bilhões. Havendo um desaquecimento da economia brasileira, os quatro tributos, de acordo com o presidente da CNM, provocariam um impacto imediato nos municípios. “Isso é muaito grave. Não digo para agora, mas, ao final do ano, o novo gestor vai ter que readequar praticamente todo o orçamento”, destacou.Outro desafio, na opinião de Ziulkoski, é que os municípios brasileiros têm cerca de 4,7 milhões de servidores em atividade, além de 400 mil já amparados pela Previdência Social própria de cada localidade. São 5,2 milhões de pessoas prestando serviços, direta ou indiretamente, para as prefeituras, o que corresponde, segundo ele, a R$ 190 bilhões do total de tributos arrecadados.De acordo com o presidente da confederação, 44,5% das despesas dos municípios são de pagamento de pessoal. Ele lembra que, diante de possíveis reflexos da crise mundial, o setor privado, a indústria e o comércio vão demitir funcionários e “cortar onde podem”, enquanto o setor público não conta com essa “margem de manobra”. “Noventa por cento dos funcionários públicos são concursados, são efetivo permanente e esse é o problema da equação.”Além de não ter a geração de tributos, aqueles desempregados vão para onde?, questionou Ziulkoski. "Não é para o estado e nem para a União, que estão muito longe. Vão se socorrer na prefeitura. A União continua jogando para cima dos municípios a responsabilidade, sem que haja recursos para financiar essas políticas públicas. Além da irresponsabilidade de muitos candidatos que foram para as televisões prometer creche para todo mundo quando se sabe que há como sustentar isso. Custa R$ 300 por mês uma criança em creche. Tem outros falando em segurança. Desde quando um candidato a prefeito pode dizer isso? No mínimo, isso não tem muita conseqüência, expressa competência do governador”.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Os Farrapos dos olhos azuis

Cláudio Ribeiro - Demitri Túlio, do Jornal O Povo, de Fortaleza A íris clara, azulzíssima em muitos deles, é a digital do povo Farrapo. Também é da identidade a pele branca avermelhada, carimbada pelo sol forte que não cessa em Sobral. Isso mais entre os que vivem na zona rural. Gostam de exaltar o sobrenome. É forte. Farrapo não é apelido. Não são uma etnia, mas são tratados assim. São “da raça dos Farrapos”, como nos disse quem os indicou a procurá-los. Os Farrapos têm história a ser contada. Praticaram a endogamia por muito tempo. Casamentos em família, entre primos, mais gente do olho azul de céu que foi nascendo e esticando a linhagem. Sempre gostaram de negociar, trocar coisa velha. São um pouco reclusos. Vivem sob reminiscências de judaísmo. Há estudo disso, mas muito ainda a ser (re)descoberto. Os Farrapos são citados, por exemplo, no livro do padre João Mendes Lira, Presença dos Judeus em Sobral e Circunvizinhanças e a Dinamização da Economia Sobralense em Função do Capital Ju...

Erros judiciários: Caso Mignonette - Estado de necessidade

A 5 de Julho de 1884 naufragou o iate inglês La Mignonette. Depois de vários dias no mar, o imediato, que era o mais jovem de todos, foi morto pelos companheiros, que mais tarde alegaram estado de necessidade perante o júri. Sustentaram que não teriam sobrevivido caso não se utilizassem do cadáver para matar a fome. O júri deu um "veredicto especial", reconhecendo apenas a matéria de fato, mas deixando a questão jurídica para que a corte superior decidisse. Lord Coleridge, um dos juízes superiores, disse, entre outras considerações, o seguinte: Conservar a própria vida é, falando em geral, um dever: mas sacrificá-la pode ser o mais claro e alto dever. A necessidade moral impõe deveres dirigidos não à conservação mas ao sacrifício da sua vida pelos outros. Não é justo dizer que há uma incondicionada e ilimitada necessidade de conservar a própria vida. Necesse est ut eam, non ut viram (é necessário que eu caminhe, não que eu viva) disse Lord Bacon. Quem deve julgar o estado de ...

Astronomia: Milhares de cometas escuros podem colidir com a Terra

Da Lusa - Agência de Notícias de Portugal Londres, (Lusa) - Milhares de cometas que circulam no sistema solar podem ser um perigo para a Terra, por serem indetectáveis, o que dificulta a antecipação de um eventual impacto, alertaram quarta-feira vários astrónomos britânicos. São cerca de três mil os cometas que circulam no sistema solar e apenas 25 podem ser avistados a partir da Terra, lê-se no artigo da revista "New Scientist", assinado por Bill Napier, da Universidade de Cardiff, e por David Asher, astrónomo do Observatório da Irlanda do Norte. "Devemos alertar para o perigo invisível mas significativo que são os cometas escuros", dizem os astronómos, explicando que um cometa fica escuro quando perde a cola brilhante. Desprovido desta substância, "o trajecto de um cometa que esteja em rota de colisão com o planeta Terra pode passar despercebido ao telescópio", afirmam Napier e Asher. Nos últimos séculos, o cometa de que há registo de ter passado mais pr...