Reinaldo Azevedo, da Veja
Com formidável habilidade, os tucanos no Senado ficaram como o Robinho na capa da VEJA (ao lado): chupando o dedo. E se poderia indagar: “Por que ele não cresce?” Às vezes, sou tentado a achar que os tucanos são o Benjamin Button da política. Nasceram velhos — no sentido de que vieram à luz já experientes — e depois começaram a ficar jovens. O seu primeiro grande “golpe” de juventude foi a morte de Sérgio Motta; o segundo, o fim do mandato de FHC. E aí o partido foi rejuvenescendo, rejuvenescendo... Se não tomar cuidado, acaba morrendo de tanta juventude. Entendem ou preciso desenhar?
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), discursou de maneira enfática: o PSDB garantiu 12 votos ao petista Tião Viana, sustenta. O partido tem 13 senadores. Sério? Então vamos ver. Oficialmente, Tião Viana tinha o apoio de PT (12 votos), PSDB (13), PDT (5), PR (4), PSSB (2), PSOL (1) e PRB (1). Tudo somado, contam-se aí 38 votos. Mas Tião só levou 32 — logo, houve seis defecções ou “traições”. Se só um tucano não votou em Tião, conclui-se que os cinco vira-casacas são todos da base governista, que goza de benesses para apoiar Lula. Virgílio pode se orgulhar, se estiver certo, de, sendo oposição, ser mais fiel ao candidato do PT do que os governistas sendo, se me permitem a tautologia, governo... Vale dizer: se Virgílio estiver certo, então há algo de muito errado nessa história.
Ora, por favor... Podem discordar de mim, mas não me subestimem. Conheço todos os supostos motivos ditos “superiores” para os tucanos terem escolhido o petista, a começar do homem forte da candidatura Sarney, Renan Calheiros... Bem, não vou indagar as credenciais petistas no chamado campeonato da moralidade... Olhem, isso é história da Carochinha, mera tentativa de encontrar uma saída maiúscula para um erro brutal. Há escolhas que só fazem sentido se forem bem-sucedidas. Se o principal partido de oposição, que terá o adversário do PT na disputa presidencial, decide fazer um acordo com esse partido — nem que seja para jogar truco —, o resultado só pode ser um: a vitória. Aliar-se ao principal oponente para perder? Um tucano poderia dizer: "Nós o fizemos em nome da ética". É? Juntaram-se aos petistas em nome da ética?
Vamos ver os resultados que o PSDB conseguiu com isso:
1 – em primeiro lugar, foi, claro, derrotado;
2 – ajudou a diluir a derrota petista — Tião Viana está posando de rei da ética;
3 – os aliados do governo jamais admitirão que traíram Tião Viana;
4 – a fama de traidores recairá, o que já começou a acontecer, sobre os tucanos;
5 – assim, os tucanos conseguem uma coisa única: SÃO ACUSADOS DE TRAIR OS ADVERSÁRIOS. ISSO NUNCA ACONTECEU ANTES. É INÉDITO.
6 – com se dá por certo que Sarney quer dizer Renan, os tucanos serão acusados de terem ajudado na recuperação do parceiro da “gestante”...
Como previ aqui, no cruzamento do jumento com a vaca, os tucanos ficaram com um híbrido que não puxa carroça nem dá leite. Mas come capim que é uma beleza!
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), discursou de maneira enfática: o PSDB garantiu 12 votos ao petista Tião Viana, sustenta. O partido tem 13 senadores. Sério? Então vamos ver. Oficialmente, Tião Viana tinha o apoio de PT (12 votos), PSDB (13), PDT (5), PR (4), PSSB (2), PSOL (1) e PRB (1). Tudo somado, contam-se aí 38 votos. Mas Tião só levou 32 — logo, houve seis defecções ou “traições”. Se só um tucano não votou em Tião, conclui-se que os cinco vira-casacas são todos da base governista, que goza de benesses para apoiar Lula. Virgílio pode se orgulhar, se estiver certo, de, sendo oposição, ser mais fiel ao candidato do PT do que os governistas sendo, se me permitem a tautologia, governo... Vale dizer: se Virgílio estiver certo, então há algo de muito errado nessa história.
Ora, por favor... Podem discordar de mim, mas não me subestimem. Conheço todos os supostos motivos ditos “superiores” para os tucanos terem escolhido o petista, a começar do homem forte da candidatura Sarney, Renan Calheiros... Bem, não vou indagar as credenciais petistas no chamado campeonato da moralidade... Olhem, isso é história da Carochinha, mera tentativa de encontrar uma saída maiúscula para um erro brutal. Há escolhas que só fazem sentido se forem bem-sucedidas. Se o principal partido de oposição, que terá o adversário do PT na disputa presidencial, decide fazer um acordo com esse partido — nem que seja para jogar truco —, o resultado só pode ser um: a vitória. Aliar-se ao principal oponente para perder? Um tucano poderia dizer: "Nós o fizemos em nome da ética". É? Juntaram-se aos petistas em nome da ética?
Vamos ver os resultados que o PSDB conseguiu com isso:
1 – em primeiro lugar, foi, claro, derrotado;
2 – ajudou a diluir a derrota petista — Tião Viana está posando de rei da ética;
3 – os aliados do governo jamais admitirão que traíram Tião Viana;
4 – a fama de traidores recairá, o que já começou a acontecer, sobre os tucanos;
5 – assim, os tucanos conseguem uma coisa única: SÃO ACUSADOS DE TRAIR OS ADVERSÁRIOS. ISSO NUNCA ACONTECEU ANTES. É INÉDITO.
6 – com se dá por certo que Sarney quer dizer Renan, os tucanos serão acusados de terem ajudado na recuperação do parceiro da “gestante”...
Como previ aqui, no cruzamento do jumento com a vaca, os tucanos ficaram com um híbrido que não puxa carroça nem dá leite. Mas come capim que é uma beleza!
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