Marcos Afonso
Não importa o resultado. Tião venceu no Senado.
Derrotou o acromático José Sarney, essa grande reserva moral do poder obscuro, que mais uma vez aglutinou ao seu redor os togados de sempre.
Venceu, porque Sarney continua sendo visto como a velha âncora do passado, embolada nos parlamentares recifes do fisiologismo, compadrio e conluios mórbidos.
Há tempos o Senado sofre com uma febre de embotamento ético, mesmo assim ainda consegue forças para temer e resistir às novidades. Cada vez mais ele se afasta do Brasil real. Entorpecido pela velha política, não consegue abrasileirar-se.
O Tião Viana venceu porque teve mais latitude, sinceridade e transparência democrática. Contou com os votos de mudança e também com os da conveniência, óbvio (em se tratando de alguns tucanos, esses pássaros de vôos baixos). Ao contrário do Sarney, que teve os votos do farisaísmo e do descaro. O que é compreensível, afinal, tirando o eletromagnetismo, os semelhantes de atraem.
O Tião saiu vitorioso porque representa oxigênio novo na atmosfera viciada dos corredores noturnos do Senado.
Nossa sorte é saber que, aos poucos, o Senado vai saindo da penumbra confortável e analgésica de seus anacronismos.
Sorte nossa é saber que no Senado existem mais Tiões e Marinas. Coisas do nosso Acre, teimoso e constelado.
Comentários