Blog do Josias de Souza/Folha
A melhor definição da atmosfera do Senado foi cunhada pelo ministro José Múcio: “Aquilo se transformou numa faixa de Gaza”, disse, em privado.
Há duas semanas, a metáfora do coordenador político de Lula soava ainda mais perfeita. José Sarney parecia recrutar uma tropa com cara de exército israelense.
Prenunciava-se, então, o massacre de Tião Viana. Porém, reforçado pelo destacamento do PSDB, Tião chega à batalha final com aparente condição de luta.
Na noite passada, véspera do grande embate, o Senado foi dormir dividido. Os dois lados cantavam vitória.
A máquina de propaganda de Sarney (PMDB-AP) alardeava 55 votos. A de Tião (PT-AC), no mínimo 43. Só há 81 senadores. Sobram 17 nas contas dos candidatos.
Sob a fluidez dos números, há uma impressão sólida: o favoritismo de Sarney, antes acachapante, tornou-se tênue. Crê-se que, se vencer, será por pequena margem.
Para Sarney, que acalentava o sonho de converter-se em unanimidade, uma vitória pífia já terá gosto amargo.
Uma eventual derrota empurraria para dentro de sua biografia de ex-presidente da República um vexame do qual Sarney preferiria se abster.
Na Câmara, desenha-se uma cena diferente. Apoiado por 15 legendas, Michel Temer desce ao front com o semblante de favorito.
Diferententemente de Sarney e Tião, Temer (PMDB-SP) foge do triunfalismo. Acha que colecionará mais de 300 votos. Mas recusa-se a levar a mão à taça antes da hora.
“Eleição só se comemora depois da contagem dos votos”, diz Temer. Ele tinha três adversários.
Um deles, Osmar Seraglio (PMDB-PR), bateu em retirada. Fugiu de um vexame anunciado. Estima-se que não amealharia nem 20 votos.
Restaram dois oponentes: Ciro Nogueira (PP-PI) e Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Ambos reconhecem a superioridade numérica de Temer.
A dupla vai à sorte dos votos na esperança de provocar um segundo turno. Escoram o sonho na perspectiva de traição, tonificada pela natureza do voto, secreto.
O início das duas eleições está marcado para as 10h. Os novos mandachuvas do Legislativo serão escolhidos por maioria simples dos congressistas presentes.
Na Câmara, se comparecerem os 513 deputados, 257 votos elegem o presidente. No Senado, se derem as caras os 81 senadores, são necessários 41 votos.
Todos os candidatos pertencem a legendas associadas ao consórcio governista. Em tese, uma vantagem para Lula. Mas a política não segue a lógica cartesiana.
Qualquer que seja o resultado restarão feridas para o Planalto administrar. Na “faixa de Gaza” do Senado, o governo terá de pacificar peemedebistas e petistas.
Restabeleceu-se, de resto, a dicotomia entre o PMDB de Temer, da Câmara, e o PMDB da dupla Sarney-Renan Calheiros, do Senado.
Os dois grupos têm apetite voraz e interesses diversos. Coisas para que o Planalto, de novo, terá de gerenciar. Tarefa para Lula. E para o ministro Múcio.
“Se eu estivesse em férias no Oriente Médio, talvez fosse menos estressante”, compara Múcio, entre quatro paredes.
A melhor definição da atmosfera do Senado foi cunhada pelo ministro José Múcio: “Aquilo se transformou numa faixa de Gaza”, disse, em privado.
Há duas semanas, a metáfora do coordenador político de Lula soava ainda mais perfeita. José Sarney parecia recrutar uma tropa com cara de exército israelense.
Prenunciava-se, então, o massacre de Tião Viana. Porém, reforçado pelo destacamento do PSDB, Tião chega à batalha final com aparente condição de luta.
Na noite passada, véspera do grande embate, o Senado foi dormir dividido. Os dois lados cantavam vitória.
A máquina de propaganda de Sarney (PMDB-AP) alardeava 55 votos. A de Tião (PT-AC), no mínimo 43. Só há 81 senadores. Sobram 17 nas contas dos candidatos.
Sob a fluidez dos números, há uma impressão sólida: o favoritismo de Sarney, antes acachapante, tornou-se tênue. Crê-se que, se vencer, será por pequena margem.
Para Sarney, que acalentava o sonho de converter-se em unanimidade, uma vitória pífia já terá gosto amargo.
Uma eventual derrota empurraria para dentro de sua biografia de ex-presidente da República um vexame do qual Sarney preferiria se abster.
Na Câmara, desenha-se uma cena diferente. Apoiado por 15 legendas, Michel Temer desce ao front com o semblante de favorito.
Diferententemente de Sarney e Tião, Temer (PMDB-SP) foge do triunfalismo. Acha que colecionará mais de 300 votos. Mas recusa-se a levar a mão à taça antes da hora.
“Eleição só se comemora depois da contagem dos votos”, diz Temer. Ele tinha três adversários.
Um deles, Osmar Seraglio (PMDB-PR), bateu em retirada. Fugiu de um vexame anunciado. Estima-se que não amealharia nem 20 votos.
Restaram dois oponentes: Ciro Nogueira (PP-PI) e Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Ambos reconhecem a superioridade numérica de Temer.
A dupla vai à sorte dos votos na esperança de provocar um segundo turno. Escoram o sonho na perspectiva de traição, tonificada pela natureza do voto, secreto.
O início das duas eleições está marcado para as 10h. Os novos mandachuvas do Legislativo serão escolhidos por maioria simples dos congressistas presentes.
Na Câmara, se comparecerem os 513 deputados, 257 votos elegem o presidente. No Senado, se derem as caras os 81 senadores, são necessários 41 votos.
Todos os candidatos pertencem a legendas associadas ao consórcio governista. Em tese, uma vantagem para Lula. Mas a política não segue a lógica cartesiana.
Qualquer que seja o resultado restarão feridas para o Planalto administrar. Na “faixa de Gaza” do Senado, o governo terá de pacificar peemedebistas e petistas.
Restabeleceu-se, de resto, a dicotomia entre o PMDB de Temer, da Câmara, e o PMDB da dupla Sarney-Renan Calheiros, do Senado.
Os dois grupos têm apetite voraz e interesses diversos. Coisas para que o Planalto, de novo, terá de gerenciar. Tarefa para Lula. E para o ministro Múcio.
“Se eu estivesse em férias no Oriente Médio, talvez fosse menos estressante”, compara Múcio, entre quatro paredes.
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